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𝘋𝘖𝘔

A enfermeira tava com medo de falar alguma coisa que fosse prejudicar ela ou comprometer seu trabalho, e se pá eu entendia não queria prejudicar ninguém, e tava só esperando o médico sair da sala pra poder voltar pra nossa conversa. Ela não ia escapar sem antes dizer o que tinha para dizer.

A sala que tava vazia até então de repente ficou cheia de gente, o policial que tava lá fora fazendo a segurança resolveu entrar pra ficar ciente do que o médico tinha a dizer. Dependendo do veredito dele, eu iria sair dali o mais breve possível.

― Bom, os exames de sangue não deram nada e até então sua recuperação está correndo bem ― o médico falou aquilo dividindo sua atenção entre mim e o policial. ― Provavelmente ele terá alta amanhã, desde que os cuidados sejam tomadas na enfermaria da penitenciária ― fez um adendo, avisando o polícial que deveria ficar ciente de quando eu estaria preparado para ir.

Bem que podiam esperar minha recuperação completa, ao invés de me mandarem machucado pra dentro de uma cela, muita das vezes os cuidados da enfermaria não são os mesmo que os de um hospital, eles nem se importam direito com os detentos.

― Mantenha o repouso e amanhã mesmo você terá sua alta ― o médico foi rápido em sua visita, fez apenas me comunicar sobre minha situação que não era tão crítica assim com base na sua avaliação e depois foi embora.

Levar um tiro nas costas e ir parar direto em uma penitenciária não era para amadores.

― Escutou né vagabundo? Amanhã mesmo tu vai pra cadeia ― o policial fez aquele comentário com humor e deu uma risada diabólica pra demonstrar o quanto estava contente em poder me ver sendo preso.

Senti vontade de mandar ele tomar no cu dele mas me controlei por que não ia valer a pena, ele era só mais um policialzinho de merda cumprindo seu papel e tirando onda com minha cara. Logo eu ia mostrar pra ele que bandido bom não fica preso.

― Termina de falar ― pedi a mulher, que já estava arrumando as coisas em uma bandeja de metal para ir.

Eu queria gritar com ela e fazer ela me contar na marra o que tinha para contar, mas com base na última mulher que saiu correndo com medo de mim eu decidi que seria melhor segurar um pouco a barra.

― Olha aqui, eu não deveria te contar isso mas.. depois que você foi preso seu morro virou um completo caos ― ela sussurrou e a todo momento olhava para a porta, com medo do policial estar nos vigiando ou abrir aquela porta de repente.

Me movi na cama tentando achar uma posição melhor e que meu corpo ficasse preparado para receber aquela informação. Poderia ser qualquer coisa, meu morro poderia estar nas mãos dos cuzao da polícia, Deco poderia não ter sobrevivido aquele tiro que tomou, muitas coisas vinham na minha cabeça.

― Os polícia tomou? ― perguntei aflito, meu único medo na hora em que escutei ela falar aquilo, era o medo de perder meu morro.

Ia ser difícil conquistar de novo se isso tivesse acontecido.

― Não, eu vi nos noticiários que a operação não durou muito, o Complexo do Alemão venceu ― a mulher balançou a cabeça negativamente atordoada, e sendo bem rápida em suas palavras.

― E minha mulher? ― perguntei ansioso, mal podia esperar por ela terminar de me contar tudo.

Fiquei encarando a mulher desesperadamente como se o mundo estivesse se acabando e eu precisasse saber de tudo, mas ela fez um silêncio infernal, parecia estar tentando me deixar mais curioso.

― Eu preciso saber da minha mulher ― falei firme, apertando a mão dela que estava sobre a cama e implorando para ela me contar.

A enfermeira encarou minha mão segurando seu punho e suspirou, não estava com medo e sim aflita, não sabia como me contar.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora