𝘋𝘖𝘔
Olhar pra cara da Karina me subiu um ódio tão inexplicável que eu só sabia que queria esmurrar aquele rostinho angelical dela até ela entender o tanto de raiva que tava dentro de mim naquele momento. Se tivéssemos só nós dois naquela sala, pode apostar que eu acabaria com ela mais rápido que ela poderia imaginar, e não foi a presença de Deco que me impediu ou me impediria de fazer isso, até por que no momento em que eu a vi descer daquele carro sozinha e sem sinal de Carol, minha mente já começou a elaborar milhões de paranóias sobre onde ela poderia estar e com quem, e nada me levou a pensar que ela na estaria acompanhada de um homem. Isso me deixou cego, tão cego que eu tive medo de acabar com a vida daquela filha da puta naquela noite mesmo.
Por que não era algo que eu desejava fazer, era algo que meu subconsciente mandava eu fazer toda vez que vinha uma ameaça de me tapear, eu não gostava de ser feito de trouxa e muito menos enganado, e pensar que Karina poderia estar saindo com outro enquanto eu estava preso me subia um ódio incalculável. A vontade que eu tinha naquele exato momento era de bater tanto nela até deixar marcas permanentes e que ela pudesse se lembrar toda vez que as olhasse, quem era que estava no comando. Sorte dela que o Deco a salvou no momento em que eu estava quase a matando enforcada, minha mão tinha vida própria naquela altura do campeonato e mesmo tendo minhas dúvidas sobre o caráter dela, eu não queria dar voz a minha fraqueza. Eu faria com ela oque fiz com todas as outras que me desafiaram.
― Você me deixou no comando, não achei que fosse preciso te contar cada coisa que rolava ― Deco disse aquilo com sua voz firme, não tinha medo de levar um sermão por ter me deixado por fora de todo esse plano que eu nem fazia ideia de como havia acontecido, pelo contrário, ele respondeu até pra frente de mais como se o poder já tivesse subido pra cabeça.
― Eu sou o chefe porra, tudo tem que passar por mim ― alterei meu tom de voz com revolta, todo aquele show poderia ter sido evitado se tivessem me contado antes o que se passava bem debaixo do meu nariz, até porque estar preso não era desculpa para me manter cego de tudo.
― A Karina foi só um pião nesse jogo, assim como a Carol também foi a festa na intenção de se infiltrar ― Deco apontou para Karina, a defendendo e insinuando que eu não deveria ter feito o que fiz com a garota, que estava sentada de uma maneira desconfortável no sofá enquanto lançava aquele olhar de puro ódio pra mim.
Com ela eu me resolvia depois, sabia que aquela cara de revolta era por ter sido contrariada na frente do Deco, mas eu tinha preocupações maiores do que ficar pedindo desculpinha para ela por uma coisa que fiz na hora da raiva. Talvez se eu não tivesse sido deixado de lado em meio a esse plano, isso não teria acontecido.
― Por que envolveu ela? ― depositei meu ódio em Karina agora em Deco, que se mantia calmo mesmo sabendo que tinha feito o que fez e teria consequências.
Ele não tinha o direito de agir sobre minhas costas e colocar minha mulher em uma emboscada sem antes chegar até mim e pedir minha permissão.
― Eu sabia que tu não concordaria se eu disse-se que precisava da Karina ― ele se explicou antecipadamente, o que queria dizer que teve medo em me contar o plano todo por saber que eu não concordaria em enfiar a Karina nesse plano perigoso e sem pé e nem cabeça.
Todos os infiltrados que trabalhavam ou já fizeram trabalho para nós, eram mais ou menos habilidosos e tinham costume em fazer esse tipo de trabalho e mesmo assim ainda corriam risco, além do mais que tínhamos um plano antes de tudo, ninguém agia de repente e de maneira tão burra como essa.
― Eu também não concordaria se soubesse de tudo antes de ser jogada na cova dos leões ― Karina deu o ar da graça, sussurrando aquelas palavras como se tivesse dificuldade em falar naquele momento e seus olhos continuavam me fuzilando da forma mais mortal possível, parecia um serial killer se preparando para matar alguém.
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No morro
FanfictionSerá mesmo que o amor suporta tudo? ― Não somos capazes de amar alguém verdadeiramente, quando esse alguém brinca com nosso coração. Em uma favela onde a troca de tiros é constante e a criminalidade predomina mais do que a paz, não há lugar para con...