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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Eu não queria ir para lugar algum, minha vontade era ficar em casa aproveitando a sexta feira de folga que Fonseca me deu, por algum motivo, acredito eu que tenha sido problemas pessoais, Fonseca decidiu não abrir a lanchonete na sexta, então tirei a noite de folga. Ou melhor, pretendia tirar a noite para descansar, mas então Carol me convidou para sair.

Eu neguei no mínimo umas cinco vezes antes dela me convencer com seu discurso apelativo, dizendo o quanto eu estava mofando em casa desde o dia em que fui demitida.

Na verdade era exagero dela, nesses três dias em casa eu busquei entregar currículo nas lojas do morro, em busca de um novo trabalho, mas como o pobre não tem um dia de paz, não tive retorno algum.

Ela me convidou para sair a noite em todos esses três dias, e eu fiz questão de negar todas as vezes. Estava decepcionada demais, chateada demais, não queria sair para lugar algum, não até que minha vida voltasse a ser como era antes.

Com um emprego digno que desse para pagar minhas contas, por que não demoraria até a conta de luz e de água chegar, e eu teria que escolher entre bancar as despesas de casa ou pagar a dívida do Gustavo.

E definitivamente eu não poderia ignorar o fato de que Dom iria me cobrar uma hora ou outra.

― Onde você tá indo? ― Gustavo não deixou de me questionar quando me viu saindo do quarto e indo a caminho da porta, pelo seu olhar estranho sobre mim, deduzi que não tivesse gostado da idéia de me ver saindo.

― Vou sair com a Carol ― anunciei de última hora, guardando meu celular e um pouco de dinheiro na bolsa. Não pretendia gastar muito, apenas o necessário e depois voltar para casa, afinal eu não tinha esse dinheiro todo para estar luxando.

― Com essa roupa? ― Gustavo indagou com um tom grave, parecia até estar chateado.

― Oque tem de errado com essa roupa? ― dei ênfase na última palavra, dando uma volta na sua frente, já prevendo que fosse o deixar irritado, mas não me importava.

Gustavo não gostava de me ver andando de roupas curtas, na verdade ele odiava, era ciumento demais da conta e sempre me questionava qual era a necessidade de andar com roupas tão curtas,  mas eu nunca me importei com isso.

E naquela noite meu vestido nem era tão vulgar assim, era um tomara que caia com mangas quase sem decote, e não chegava a ser tão curto na parte debaixo.

― Você deve ter perdido algum pedaço lá no seu quarto, olha o tamanho disso aí ― Gustavo balançou a cabeça inconformado, avaliando minha roupa com atenção.

Eu ri da forma como ele estava com a cara fechada, bancando o irmão ciumento como sempre fazia.

― Tchau, estou indo ― mandei um beijo no ar para o meu irmão, que estava sentado sobre o sofá assistindo a alguma coisa.

Até me supreendia Gustavo estar em casa em plena sexta feira dia de baile, mas eu vinha percebendo que ele estava mudando aos poucos, estava evitando sair de casa, talvez para não acabar caindo na tentação de se drogar. Parecia melhor depois daquele dia onde teve uma crise de abstinência, se mostrou diferente e mais revigorado depois daquele dia.

Quando estava saindo de casa topei com Alana vindo ao meu encontro, eu e Carol entramos em acordo de que eu poderia chamar Alana e ela poderia levar a Ana, assim curtiriamos a noite juntas.

― Ei, o Gustavo tá bem? ― Alana parou diante a minha calçada, com um olhar preocupado ao falar do meu irmão.

― Está sim ― respondi breve, sem querer estender aquele assunto.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora