048.

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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Estava desolada, meu mundo de repente desabou e eu nem sabia explicar o por que, fazia muito tempo que eu e Gustavo não tínhamos mais uma relação de irmãos, não irmãos unidos. Nossa relação esfriou muito depois que a mamãe morreu.

Não por mim, eu tentei me aproximar dele, tentar recuperar ele daquele sofrimento que ele estava após perder nossa mãe, tentei me tornar alguém melhor para conseguir sobreviver e da a ele uma vida digna.

Eu tentei de tudo.

Mas Gustavo não se abria mais comigo, ele preferiu se refugiar nas drogas e no mundo do crime, ao invés de se abrir com sua própria irmã, e deu no que deu.

Eu assumo minha culpa, talvez se eu tivesse sido uma irmã mais atenta, estivesse ligada aos sinais que ele me dava, ao invés de ficar apenas trabalhando e trabalhando, talvez conseguisse salvar ele a tempo. Agora eu não podia fazer nada.

Acho que o sentimento de culpa era muito maior do que a de dor, eu já tinha me conformado de que não o veria mais, já tinha me conformado de que talvez fosse melhor assim, eu preferia que Gustavo se fosse, a ter que assistir meu irmão se afundando no mundo das drogas, sendo alguém totalmente diferente do que nossa mãe nos ensinou.

De repente eu não conhecia mais o Gustavo educado, carinhoso e romântico de antigamente, eu não tive nem a chance de tentar recuperar essa versão digna do meu irmão, ele se foi rápido demais.

E era tudo culpa do Dom.

Eu sei que tentar achar um culpado não ia apagar minha dor ou fazer com que Gustavo voltasse, mas ia fazer com que eu me sentisse menos culpada pela morte dele. Colocar a culpa no Dom fazia com que o peso diminuísse na minha consciência, uma vez que ele não conteu Gustavo quando ele foi até Dom pedir um cargo na boca.

Não sei por que ainda esperava que ele fosse ter uma atitude contraria, já que ele é dono da boca e precisa de homens para trabalhar para ele, era claro que não iria dispensar Gustavo. Mas por que? Ele já tinha complicado a minha vida demais, não precisava complicar a vida do meu irmão.

Justamente por esse motivo eu descontei minha raiva nele, acertei aquele tapa sem a menor prudência apenas deixando o meu instinto e meu lado furioso me dominar. Me arrependi no momento em que o vi respirar fundo e seu maxilar enrijecer, ali eu soube que teria uma consequência.

E mesmo que minha mente fértil já estivesse elaborando diversas formas que ele pudesse para me machucar, não me arrependi de acertar aquele tapa nele, tirou de mim um grande peso e me deixou menos irritada.

Por algum motivo ele não rebateu, talvez por pena, deveria pensar que eu estava desolada e agindo no impulso, oque não deixava de ser verdade, mas não me arrependi.

― Não bastou ter acabado com a minha vida, você também quis acabar com a do meu irmão ― ri, nervosa e ao mesmo tempo irritada, mas eu não estava nem um pouco animada naquele momento.

Estava incrédula, em notar que Dom tinha virado meu mundo de cabeça pra baixo, mudou a minha vida de uma forma inacreditável, e isso custou a vida do meu irmão. Se não fosse aquela dívida, Gustavo não estaria tão desesperado por um cargo no crime, para pode pagar.

E se não fosse a dívida, eu não teria passado tudo que passei nas mãos do Dom, sem ter ao menos o poder de decidir qual seria meu destino. Em resumo, era tudo culpa do Dom, desde que ele apareceu em nossas vidas as coisas começaram a desandar.

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