𝘋𝘖𝘔
Aquela filha da puta só podia tá de sacanagem com minha cara, colou na laje do Deco sem meu consentimento e ainda por cima com uma roupa de vagaba. Se vacilar de onde eu tava conseguia ver a polpa da bunda dela com aquela saia ridícula que mal cobria tudo.
E o oque mais me deixou irritado era saber que não era só eu que tava admirando a bunda dela, irmão, quando ela chegou a laje em peso parou pra apreciar.
E se pá tinha mano até demais encarando oque era meu, aquilo tava fazendo o sangue subir pra cabeça. Ela ter me desafiado e subido de volta pra laje comprovava que eu tava perdendo a moral, perdendo o respeito. Precisava colocar aquela mina na linha pra não me estressar depois.
― Alá, Arana já tá cercando tua mina, vai deixar? ― Deco me deu um tapa de leve no ombro pra me trazer de volta pra realidade, já que eu tava em transe ainda assimilando o fato de Karina estar ali.
Ela tinha se acomodado do outro lado da laje, sentou em uma cadeira de plástico junto a irmã do Deco, e naquele momento tava de papinho com o filho da puta do Arana.
― Ele não é doido de tentar com ela ― ri pra tentar controlar minha raiva, por que tudo que eu queria era uma brecha pra quebrar a cara de alguém, e não pouparia a vida de Arana se ele continuasse cobiçando oque era meu.
Eu sabia que o mano não tinha segunda intenções com ela, ou pelo menos achava que a idéia era essa, afinal Arana era muito amigável com todos e criava intimidade muito fácil, independente de quem fosse. As vezes o moleque era ingênuo até demais e acabava se envolvendo em emboscada sem nem perceber.
Mas eu tava pouco me fodendo se ele tinha intenções ou não, eu já tava pilhado por Karina ter me desobedecido e ainda por cima tinha um infeliz zoando no meu ouvido pra me deixar ainda mais pilhado.
― Oque você vê nessa garota em? ― Camila me repreendeu após perceber onde estava toda minha atenção, a garota não tinha arriado o pé do meu lado desde a hora em que chegou, mas quando percebeu que minha atenção não voltaria a ela tão cedo, a garota se afastou pisando duro.
Ela tava ali como minha acompanhante já que eu tinha a levado pra me fazer campainha, e de quebra ainda tinha uma foda garantida. Não era minha intenção acionar Karina naquele domingo mas depois da garota ter brotado na laje sem minha permissão, os planos mudaram.
― Então cuida ― Deco deu uma risadinha nasalada, tava mesmo era querendo implantar idéia errada na minha cabeça.
Karina fez questão de me ignorar, tava batendo maior papo com Carol e Arana do outro lado da laje, nem se quer me encarou de longe, e isso me deixou perturbado das ideias.
Já tava contando os segundos pra ir até aquela mesa e bater um lerô com ela, mas antes que eu pudesse fazer isso, Arana se levantou e veio na minha direção.
― Cara, para de me encarar como se eu fosse me matar, eu não tava fazendo nada além de conversar com ela ― ele já veio logo se explicando, com um olhar amedontrado e de quem prezava pela sua vida.
Respirei fundo e pensei se valeria a pena discutir com ele, mas como eu sabia que ele tava falando a verdade, realmente não tava cobiçando a minha mulher, minha preocupação naquele momento deveria ser outra.
― Fica sussa, meu problema não é com você ― esclareci antes que o menor pensasse que eu tava querendo matar ele. ― Meu problema é com a marrenta da Karina que acha que pode fazer oque quer ― comentei furioso, tragando o baseado que tava em minha mão pra ver se aquela raiva sumia.
Mas nem mesmo a brisa do baseado tava conseguindo manter a mente do palhaço sossegada, eu só conseguia pensar no tanto de trabalho que eu teria pra colocar aquela mina na linha. Ela não era do tipo que obedecia sem contestar, e eu sentia que teria trabalho com isso.
― Deixa a mina se divertir ― Arana me advertiu, como se tivesse algum tipo de moral pra me dizer oque devo ou não fazer.
― Olha em volta, vê se isso aqui é lugar pra uma mina igual ela se divertir, cheio de bandido desesperado por uma boceta ― aumentei meu tom de voz, atraindo a atenção de Deco que continuava ao meu lado, porém tinha passado sua atenção para o celular.
Arana me encarou com um sorriso de canto, balançou a cabeça negativamente e pensou duas vezes antes de abrir a boca. Parecia ter sacado oque estava acontecendo, só não tinha coragem de comentar.
― Quando foi a última vez que Dom esteve tão obcecado por uma boceta? Ah, me lembrei, nunca ― Deco respondeu a sua pergunta com um tom humorado, parecia estar brincando, quando na verdade ele estava sendo sincero. Eu nunca tinha ficado tão louco por uma mulher.
Mulher era distração, distração prejudicava meu desempenho com a favela, e se eu não fazia um bom trabalho na favela. Qual era meu papel?
― Faz mó cota que eu percebi que ele tava gamadão nela, só não quis comentar ― Arana deu de ombros, não muito supreso com oque Deco tinha acabado de dizer.
― Vai encher linguiça na casa da porra, eu não tô obcecado por ela ― me defendi a tempo, não queria que meus parceiros pensassem que um vagabundo que nem eu estava se deixando levar por uma paixão.
Era apenas atração momentânea, assim como eu já havia me sentido atraído por diversas outras mulheres, o problema era que com Karina tinha uma grande diferença, a idéia de estar obcecado por ela não era tão ruim assim, tendo em vista que ela era uma mulher direta.
― Ah não tá? Tá aí parado que nem uma estátua encarando a mina como se fosse um psicopata ― Deco fez resenha, diferente de Arana ele não tinha medo de se expressar ou me dizer tudo que tinha vontade, por que o filho da puta era meu melhor amigo, e tinha passe livre.
― E oque tu faria se a tua mina aparecesse sem avisar no churrasco dos cria? ― indaguei, sentindo meu sangue fervendo.
O problema não era o fato dela ser uma marrenta, o problema todo estava no fato dela aparecer naquela porra daquela laje sem me dar satisfação e ainda por cima com uma roupinha que só contribua para imagem de vagaba que ela tava criando na favela. Isso era oque me deixava furioso.
― Irmão, eu dava uma bela lição nela ― Deco me entregou um sorriso perverso, de quem estava tentando me convencer a fazer algo estúpido.
― A garota não tá fazendo nada demais, olha lá ― Arana tentou amenizar a situação, com aquele seu temperamento doce, nem parecia que era marginal.
― E outra, tua irmã é uma péssima influência pra andar com minha mina, só leva ela pro mal caminho ―
passei a visão para o Deco, sem me importar se iria ofender a ele.No fundo ele sabia que a irmã dele era tão bicho solto quanto ele, já tinha ficado com metade da favela, e só não virava marmitinha de bandido por que o irmão colocava terror na favela, ameaçando os trafica pra não chegar nem perto dela. Mas ela ainda sim conseguia passar o rodo nos meus caras, mesmo que nas escondidas.
― E pelo visto tua mina gosta de uma adrenalina ― Deco disse aquilo para me deixar ainda mais paranoico.
― Oque é dela tá guardado ― prometi, fuzilado Karina de longe com meu olhar ardendo em raiva.
Eu podia tirar ela dali pelos cabelos, como eu fazia com qualquer outra garota que achasse que poderia me desobedecer, mas não fiz.
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capítulos pequenos assim não são tão comuns aqui, mas esse acabou não rendendo muito, então decidi postar assim mesmo.
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No morro
FanfictionSerá mesmo que o amor suporta tudo? ― Não somos capazes de amar alguém verdadeiramente, quando esse alguém brinca com nosso coração. Em uma favela onde a troca de tiros é constante e a criminalidade predomina mais do que a paz, não há lugar para con...