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𝘋𝘖𝘔

O bagulho tava frenético na Rocinha, os policiais tava invadindo com gosto pra ver se conseguia amenizar o tráfico pelas bandas de lá, e como quem tem cu tem medo, eu já tava me preparando para um possível ataque da BOPE. Como se já não bastasse o risco que corria de ser pego de supresa pelo jacarezinho, agora eu tinha que me preocupar com os polícia.

Era óbvio que eles tentariam alguma coisa pra me desestabilizar, se a polícia soubesse que o Jacarezinho tava na tentativa de tomar meu morro, ele ia se aproveitar da situação pra cair matando junto. E minha única preocupação do momento era em manter tudo organizado pra não passar sufoco.

Precisava treinar meus homens para que se preparassem para qualquer tipo de emboscada, fosse da polícia ou de outro morro rival. Nada melhor do que levantar uma base forte de homens capacitados.

― Ó magrão, tu vai acertar um tiro assim na cara dos inimigo? Por que se for, tu morre antes ― debochei da forma como magrão segurava o fuzil e era arremessado para trás toda vez que tentava da um tiro.

Estava avaliando os homens treinando na quadra, precisava acompanhar de perto a evolução de cada um e ficar ciente sobre quem estava lutando comigo. E com apenas dez minutos ali estudando cada homem em seu exercícios, eu percebi que teria muito trabalho.

Tinha muitos especialistas ali em segurar uma arma, que sabia se virar com uma metralhadora e até mesmo com uma granada, mas em compensação, tinha outros que era só derrota.

Magrão mesmo parecia que nunca tinha pego em uma arma, não tinha firmeza nos braços e muito menos confiança, com aquele medo todo quem ia rodar era ele, tinha muito no que melhorar.

― Desculpa, chefe ― ele rapidamente se desculpou com medo de ser repreendido mais uma vez e deu a vez para Eduardo acertar o alvo.

Naquele momento eles haviam passado do exercício físico que era obrigatório para manter a forma e garantir que não fosse ter nenhum peso morto na equipe, para o tiro no alvo. Consistia em acertar uma garrafa de cerveja que estava a quinze metros de distância.

A tarefa não exigia somente mira e um bom tiro, ia muito além disso, era necessário pra manter a calma, manter o foco, e garantir que todos fossem ter um bom desempenho em atirar a distância. Era basicamente isso que pedia em qualquer invasão, independente do clima caótico, não poderia perder a calma.

Com um bom foco e uma mira você acertaria qualquer alvo.

― Calmô ― Arana gritou pedindo silêncio quando a turma da fila que ainda esperava para atirar começou a tagarelar.

Arana e Deco não participavam dos exercícios por motivos óbvios, já eram capacitados e bem treinados, não era necessário que atuassem ali, mas para ter melhor controle era eles quem tomava conta de tudo.

Naquela tarde eu só tava na quadra por que queria mesmo ficar ciente do que se passava por ali, mas não tinha dúvidas de que os dois seriam capazes de cuidar de tudo sozinhos.

― Boa ― Deco vibrou feliz em ver que pelo menos um acertou o tiro de forma certeira dentre os cinco que foi.

Eduardo, que tinha o vulgo Dudu, não tinha dificuldade alguma em atirar aquela distância, ele já era bem treinado e uma dos mais velhos na equipe, já tinha participado de invasões suficientes para perder o medo e agora só tinha sangue nos olhos. Dudu vibrou como qualquer homen faria ao acertar o tiro no alvo e abriu um sorriso convencido, ele sabia que era capaz a acertar um tiro em qualquer distância.

Quando a garrafa estorou onde estava, o carinha que tava a disposição pra repor foi lá e fez seu trabalho.

― Vamos lá vagabundo, pensa que essa garrafa é um negão de um metro e oitenta, que come a sua mulher toda vez que você sai de casa, oque você faria com ele? ― Arana entrou na mente do cara que tava indo pra atirar, acho que era uma tentativa de estimular o cara a ficar com mais sangue nos olhos.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora