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𝘋𝘖𝘔

Acordei lombrado, não lembrava de nada da noite passada, aproveitei a sexta de uma maneira diferente, não fui para o baile, mas rolou uma revoada na casa do Deco que compensou. Única coisa que eu lembrava que era uma festa privada, só tinha os cara dando fuga nas mulher, e umas prostituta de qualidade pra satisfazer.

Bebi demais da conta e me rendeu uma porra de uma ressaca desgraçada durante o dia todo, não consegui fazer nada do dia a não ser ficar deitado descansando, tentando recuperar a energia que eu tinha gastado.

Mas é claro que não deu certo, durante a tarde recebi uma ligação do Deco pedindo que eu colasse na minha sala do bordel, que tava querendo desenrolar uma conversa comigo.

O vagabundo não disse oque queria por que sabia que eu não tava na disposição pra resolver assunto nenhum da favela, então preferiu manter suspense, mas eu já fui ciente de que era algum problema relacionado ao morro, não era possível.

Me vesti a caráter, passei a tarde toda jogado na cama feito um mendigo, sem dignidade, então coloquei uma roupa mais arrumada, no meu pique. Uma bermuda preta com uma blusa da lacoste, uma das inúmeras que eu tinha no meu closet, por que lacoste era algo que andava colado comigo.

Com minha glock na cintura só fiz pegar a chave da minha Evoque, eu tinha outras carros, pra ser mais específico o Audi e a Mercedes eram oque eu mais gostava de dar rolê, mas não dentro do morro, elas ficavam na minha casa do Sul, minha segunda casa que ficava em Santa Catarina.

E por falar em Santa Catarina, eu não tinha pretensões de voltar tão cedo para lá, fui somente por que tava dando fuga nos homi, e achei melhor ficar entocado lá por um tempo. Mas depois de dois anos longe da minha favela, sem acompanhar o movimento pessoalmente, eu decidi voltar.

Até por que não tinha polícia capaz de me pegar, o morro tava mais protegido do que tudo.

― O Deco tá por cá? ― perguntei diretamente a Sara, que tava sentada sobre a cadeira da recepção mechendo em seu celular.

― Está lá dentro ― apontou para minha sala, onde basicamente funcionava como escritório, e depois voltou sua atenção para o celular novamente.

Guardei a chave do meu carro e meu celular no bolso e caminhei até meu escritório, já imaginava que fosse algo relacionado a morro, oque Deco tinha para me dizer, e mais certeza ainda eu tive quando entrei na minha sala, e me deparei com Deco e Gustavo, irmão da Karina.

― Eai, chefe ― Gustavo rapidamente levantou para me cumprimentar, então apertei sua mão por educação, avaliando a vestimenta bem comportada que o rapaz usou para vim me ver.

Gustavo tava com um sorriso estranho no rosto, de quem tinha aprontado algo e agora estava vindo se redimir, e isso me deixou curioso.

― Qual que é a fita? ― perguntei logo, sem paciência para enrolação ou qualquer tipo de ladainha, meu negócio era reto e direto.

Me sentei na minha poltrona de couro a todo momento com meus olhos em cima de Deco, que tava largadão na cadeira a minha frente, sem intenções de me explicar que porra tava fazendo ali.

― Pô, eu sei que tu deve tá boladão comigo por conta da dívida ― Gustavo começou a dizer, usando um tom bem convicente, de quem queria me comprar com seu drama.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora