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𝘒𝘈𝘙𝘐𝘕𝘈

Naquela noite eu estava me sentindo tão sozinha, tão desamparada que eu não conseguia explicar, mesmo que Carol estivesse ali do meu lado demonstrando apoio e sempre usando palavras de afirmações para garantir que ficaria comigo para o que der e vier, eu olhava para todas aquelas marcas roxas em meu corpo e só conseguia sentir raiva, frustração, por ter me submetido a me relacionar com alguém tão sujo e indelinquente como o Dom. Não tinha perdão para o que ele fez, se ele teve coragem de me bater estando grávida imagina só o que iria fazer dali para frente.

Não foi fácil tomar uma decisão, o dia correu tão lentamente que isso foi uma tortura pra mim, tive que comer no quarto para não trombar com ele pelos corredores ja que agora ele não tinha mais sua vida de antes e não podia sair quando quisesse, Dom tinha que ficar trancafiado naquele quarto até que a poeira abaixasse e ele pudesse ir embora para outro buraco. Carol conversava comigo mais cedo sobre isso e chegou a comentar que ele tinha planos de ir para o Sul o mais breve possível, e claro que ele também comentava que iria me levar junto, afinal agora, ele não tinha mais as putinhas dele pra tá do lado dele, e mesmo que tivesse, nenhum delas estava disponível para ele nesses momentos difíceis, só na hora de torrar o dinheiro dele.

Mas sabe como é homem né, só dá valor a fiel que ele tem do lado quando já não tem mais graça, e assim como todo mundo cansa de ser sujeitado a ser feito de besta, eu já havia cansado de estar ali do lado dele quando ele precisasse, agora era a minha hora de cuidar de mim e do meu bebê e não de estar ao lado de um inresponsável como ele.

― No que está pensando? ― Carol chamou minha atenção, depois de um tempo me observando apenas comer, ela tinha trago um lanche que pediu no ifood para mim, e mais uma vez eu me obriguei a comer no quarto, não queria de jeito nenhum me sujeitar a conversar com o Dom, e pelo visto ele aceitou bem a rejeição e estava jogando vídeo game na sala com seus amigos.

― Nada ― balancei a cabeça negativamente, dando mais valor ao meu lanche que iria esfriar caso eu demorasse para comer. Aquele lanche estava tão bom que minha fome pedia por mais um, não sabia se era gula por estar grávida ou eu realmente aguentaria comer mais de um.

― Desembucha ― Carol revirou os olhos, frustada com a forma como eu estava lhe privando de saber o que se passava na minha cabeça, ela literalmente estava ali comigo em todo momento ruim e bom, ela também merecia saber.

― Eu não quero mais o Dom ― abri o jogo, sendo sincera comigo mesma e com ela, por mais que isso estivesse quase claro para todos, Carol deveria pensar que era apenas uma birra minha e um castigo do silêncio com o Dom que logo irei encerrar, mas não tinha essa probabilidade.

― Ok, isso eu sei mas essa decisão é definitiva? Por que amiga, olha só a situação que você está, grávida e correndo risco de vida ― ela me encarou com a testa franzida, meio incerta do que perguntava, e intercalou seu olhar em mim e no meu lanche como se também quisesse comer.

― Eu sabia me virar antes dele,não é? Vou saber me virar sozinha ― dei de ombros, encarando o além daquele quarto e pensando melhor naquele assunto, aquela decisão estava cravada naquele momento por que Dom havia me batido, eu estava com raiva dele e não conseguia pensar nos meus sentimentos apenas na minha razão. Mas eu sabia que quando o sangue esfriasse eu sentiria falta dele,eu não era de ferro e também tinha sentimentos, Dom podia me fazer de besta mas também tinha seu lado bom.

― Você me escutou? Grávida e correndo risco, eu entendo que você não queira ele mais, só que agora o que você mais precisa é estar do lado dele em segurança ― Carol me advertiu, tentando colocar uma coisa na minha cabeça que não ia entrar nem ferrando.

No morroOnde histórias criam vida. Descubra agora