Capítulo 5

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Inverno de 2023

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Inverno de 2023

Dulce María

Vi Mariana olhar séria para Christopher antes de sair da sala. Eu sabia que ela estava sofrendo, e aquilo, de certa forma, estava me dando forças para encarar o que viria a seguir.

Quando ela fechou a porta, o encarei séria, buscando toda a firmeza que havia dentro de mim. Eu não o deixaria me ver despencar, não até ele entender o que fomos. O que ainda somos.

— Espero que você tenha sido inteligente o suficiente para vender suas ações. — Ele disse erguendo o queixo e colocando as mãos para dentro dos bolsos da calça.

— Você se diz tão inteligente, que ainda não se deu o trabalho de ler o testamento do seu pai. — Falei escorando as costas na minha mesa e cruzando os braços na frente do peito. Aquilo tinha que fazer meu coração parar de bater tão rápido e tão doído.

— Eu não preciso fazer isso. — Rolei os olhos.

— Você deve, pois está muito mal informado. — Ele ficou com a feição ainda mais dura e cheia de raiva. — Não posso vender minhas ações para você. Eu fiz uma promessa ao seu pai. Essa empresa é de Mariana, seu pai deixou tudo para ela.

— É impossível, ele não pode deixar uma empresa nas mãos de uma criança. — Fiquei séria, e pela primeira vez senti raiva dele e de suas atitudes absurdas.

— Mariana não é uma criança. Ela e seu pai sempre tiveram uma boa relação, e ele decidiu deixar tudo para ela. — Bufei. — Quer que eu desenhe ou ainda não conseguiu entender?

— Não faz sentido! — Ele esbravejou de raiva. — Não faz sentido ele deixar tudo pra filha de Daniel. — Franzi a testa de leve quando ele virou as costas. Do que diabos ele está falando? — Certamente ele fez de propósito. — Ele disse cerrando os dentes e virou-se para mim novamente. — Ele fez isso para se vingar de mim por eu não ter voltado quando ele me encontrou. E você o ajudou a fazer isso. — Engoli em seco e franzi a testa tentando absorver aquela informação.

— Seu pai... — Balancei a cabeça e senti meus olhos se encherem de lágrimas. — Seu pai sabia que você estava vivo? — Christopher franziu a testa, e por um segundo, vi dúvidas em seu olhar.

Mas, naquele mesmo segundo, tudo sumiu quando um sorriso irônico tomou conta do seu rosto.

— Você não acha que já passamos da fase de você fingir que não sabia de nada? — Pisquei algumas vezes sem acreditar no que ele dizia.

— Apenas responda a minha pergunta. — Me mantive firme, mesmo querendo desabar ali mesmo. — Quando seu pai soube que você estava vivo? — Ele voltou a franzir a testa.

— Ele me encontrou na Itália dois anos depois do meu desaparecimento. — Coloquei a mão no peito e soltei um grunhido baixo, olhando para o lado. — Contei tudo o que aconteceu. Ele quis me trazer de volta e eu por fim, tomei coragem de dizer algumas verdades na cara dele. Fiz ele entender que estava sozinho e que não tinha mais ninguém. Eu já estava morto para ele, não faria muita diferença. — Eu assenti, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. As sequei rapidamente.

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