Quase 18 anos depois do desaparecimento de Christopher, seu pai acaba falecendo e deixando a empresa para sua única neta, Mariana. Dulce por ser a responsável pela menor, acaba tomando as rédeas da situação. Mas, ela não esperava que tudo isso trari...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Inverno de 2023
Christopher
Eu realmente não lembro a hora que eu peguei no sono depois de ter saído praticamente correndo do quarto de Dulce.
Eu estava completamente confuso. Sentia como se um nó tivesse se criado no meu cérebro.
Dulce me confundia. Suas histórias eram completamente diferentes do que eu imaginava e do pouco que eu sabia daquilo que não lembrava. O fato de ela ter atendido o telefonema do médico, de contar que minha mãe morreu sem perguntar de mim. Ela contando tudo sobre mim para nossa filha. Seu olhar perdido no meu, seus olhos cheios de lágrimas quando lembra de algo que vivemos, seu choro incessante e cheio de dor quando lhe fiz mal. Nada disso se encaixava na minha cabeça.
E agora pra ajudar não faço ideia do que é isso que estou sentindo. Eu simplesmente não consegui me controlar. Parecia que se eu não a beijasse, eu explodiria ou algo do tipo.
Isso só pode ser tensão sexual acumulada, não é possível.
Eu sei perfeitamente que se eu não tivesse ficado tonto por causa de uma lembrança, eu teria ido até o fim. Eu teria me perdido completamente.
Andar de avião naquela manhã foi praticamente uma tortura. Achei que poderia me dar sono, mas foi só um pensamento distante mesmo, pois não conseguia pregar o olho por nada.
Eu fechava os olhos para tentar me concentrar no sono, mas a única coisa que aparecia em minha mente era aquele lapso pequeno de memória que havia retornado enquanto eu estava com ela.
"— Ainda não decidimos onde vamos ficar depois que nos casarmos. — Ela comentou deitada em meu peito, enquanto assistíamos a um filme de romance em seu quarto.
— Você quer ficar por aqui ou quer encontrar outro lugar? — Perguntei, acariciando seus cabelos macios e vermelhos.
— Então, eu realmente tenho um apego gigantesco com essa casa, Chris. Era dos meus avós e tem muita história. — Ela mordeu o lábio inferior. — Não sei se eu teria coragem de vendê-la.
— Podemos morar aqui, se quiser."
E a lembrança simplesmente desaparecia no momento em que ela levantava a cabeça para me olhar.
No fundo eu sabia que era ela, e por isso perguntei se seus cabelos eram vermelhos.
Mas o que mais me assustou não foi o fato de, pela primeira vez, ter tido um lapso de memória, eu sabia que uma hora ou outra isso aconteceria. O que me causou pânico foi o fato de lembrar da sensação de estar com ela.
Tinha algo diferente, algo que mexia comigo, um conforto absurdo, uma sensação de moradia. Isso tornava real algo que talvez eu quisesse que não virasse.