Quase 18 anos depois do desaparecimento de Christopher, seu pai acaba falecendo e deixando a empresa para sua única neta, Mariana. Dulce por ser a responsável pela menor, acaba tomando as rédeas da situação. Mas, ela não esperava que tudo isso trari...
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Outono de 2023
Christopher
Entrei em casa suspirando profundamente. Eu teria feito loucuras com Dulce naquele jardim se Natália não tivesse nos interrompido.
Mas, apesar dessa nossa última conversa, eu estava preocupado com ela e com Mariana. Ambas haviam sofrido uma grande decepção com alguém que confiavam muito. Mesmo sabendo que era difícil pra mim saber que tinha perdido 18 anos da vida delas, tinha consciência de que para elas, era muito pior.
Eu perdi 18 anos da vida da minha filha e da minha esposa sem saber que elas existiam. Elas perderam 18 anos ao meu lado por acharem que eu estava morto.
— Daqui a pouco você vai estar praticamente morando naquela casa. — Natália disse com raiva, fazendo eu despertar dos meus pensamentos.
— Natália, eu não estou com cabeça. — Falei suspirando profundamente e tirando meus sapatos.
— Incrível como você não está com cabeça para nada que tenha a ver comigo, Christopher. — Ela disse em um tom mais alto. — Você está comendo ela, não está? — Me virei para olhá-la. Ela tinha os braços cruzados e seu semblante dizia que ela tinha certeza na resposta daquela pergunta.
— Isso é jeito de falar? — Fiz uma careta, desviando meu olhar do dela.
— É claro que você está. — Ela riu pelo nariz, cheia de ironia. — É óbvio que você ia acabar caindo no joguinho dela de novo, Christopher. Você é fraco! — A olhei com raiva, sentindo meu sangue borbulhar dentro de mim.
Passei o dia todo ansioso, sentindo raiva e confusão. Eu não precisava de mais uma dose essa hora da noite.
— Natália, eu não estou caindo em jogo nenhum. — Falei tentando controlar meu tom de voz. — Acabei de descobrir que não foi ela que atendeu aquela ligação há anos atrás e sim Daniel. — Ela rapidamente ficou séria, percebendo o que estava acontecendo. — Dulce nunca fez nada para me machucar, ela realmente não sabia que eu estava vivo. Tudo o que vivemos foi realmente verdade, tudo o que ela conta foi real. — Falei gesticulando sem paciência. — Eu fiquei 18 anos me culpando pela morte da minha mãe por causa daquele idiota. Fiquei 18 anos longe de uma família que eu nem sabia que existia por causa dele. 18 anos sentindo raiva de alguém que não fez nada. — Senti meu peito apertar ao dizer isso em voz alta.
— Meu Deus! — Natália disse com os olhos cheios de lágrimas. — Você está cego de novo.
— Eu não estou cego, Natália. Eu estou apaixonado. — Falei sentindo um nó se formar na minha garganta. — Eu estou perdidamente apaixonado por ela, e eu sinto muito. Sinto muito mesmo. — Falei soltando todo o ar que havia em meus pulmões, finalmente falando aquilo em voz alta.
— Tudo bem. — Natália disse desviando o olhar, secando uma lágrima fujona.
— Olha, eu não tenho intenção alguma de ferir seus sentimentos. Eu não esperava que isso fosse acontecer. — Falei suspirando e ela riu pelo nariz.
