Quase 18 anos depois do desaparecimento de Christopher, seu pai acaba falecendo e deixando a empresa para sua única neta, Mariana. Dulce por ser a responsável pela menor, acaba tomando as rédeas da situação. Mas, ela não esperava que tudo isso trari...
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Inverno de 2023
Mariana
Fui para casa depois que almocei com minha mãe e passei o dia todo no quarto fazendo nada praticamente.
Olhei série, assisti filme, escutei música, mas nada, nada tirava da minha cabeça o que minha mãe havia me dito. Ou seja, meu dia todo se resumiu em sentir raiva.
Eu estava com raiva de Christopher. Raiva porque ele poderia ter se apresentado de uma forma diferente quando chegou na cidade, mesmo não sabendo que sou sua filha. Porque ele poderia ter mantido dentro dele aquele cara das histórias da minha mãe.
O mais foda é que eu sempre sonhei em ter uma boa relação com meu pai. Eu sempre sonhei com ele se aproximando de mim e de nós dois criando laços e fazendo tudo o que mais gostamos de fazer.
Sinto que esse sonho está longe de acontecer. Como posso perdoar de um dia pro outro tudo que ele fez nesses dias em que está no México? Como posso não sentir raiva?
A tarde pareceu uma eternidade, mas só me dei conta de que ela passou quando minha barriga começou a reclamar de fome.
Levantei da cama, coloquei um moletom, os chinelos de pano e desci as escadas pensando em alguma delícia que eu poderia fazer.
Quando estava no meio do caminho, escutei algumas vozes que não conhecia e franzi a testa, gelando quando cheguei no final e vários rostos se voltaram para mim.
— Petisa, não sabia que você estava em casa. — Peter disse e eu suspirei baixinho ao vê-lo do lado de Carolina, com sua mão em cima da dela.
— Eu estava quietinha no meu quarto. — Sorri sem mostrar os dentes e coloquei as mãos no bolso do moletom, me sentindo constrangida com os olhares de 6 pessoas em cima de mim. — Só vim preparar algo para comer.
— Caralho, Peter, você não disse que tinha uma irmã tão bonita assim. — Um garoto de cabelos pretos bateu no braço de Peter, que olhou para ele sério.
— Tá maluco, cara? — Ele disse eu rolei os olhos, sentindo meu sangue queimar.
— Nós não somos irmãos. — Respondi chamando a atenção deles novamente.
Bufei e saí caminhando na direção na cozinha, indo diretamente para a geladeira. Quem esse garoto pensa que é?
— Você está bem? — Pablo apareceu quando me virei para largar as coisas em cima da mesa.
— Vou ficar. — Respondi suspirando. — Você está esquecendo bastante de me avisar das coisas, não acha? — Falei em um tom um pouco mais sério. Eu estava chateada porque tanto Pablo, quanto Peter estavam bem afastados de mim ultimamente.
— Achei que você estava com a Lila, por isso não disse nada. — Eu assenti, e ele me olhou preocupado. — Mariquita, você não está chateada comigo não né? — Eu ri quando escutei o apelido idiota que ele me chamava quando ainda éramos crianças.
