Capítulo 15

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Inverno de 2023

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Inverno de 2023

Christopher

Mariana já não estava mais tensa. Diferente de quando ela entrou no carro, agora ela sorri ao me responder.

Estou fazendo qualquer tipo de pergunta para ela. Quero escutá-la falar, rir, contar sua vida e suas histórias. Quero saber tudo o que eu perdi e não vi.

É estranho entender agora que meu coração soube que havia algo no momento em que a vi. É difícil quando a verdade está bem debaixo do seu nariz e você só não quer enxergar.

Ela tinha traços da minha família, mas também tinha traços de Dulce. Seu jeito de falar era parecido e ficava igual a mãe quando franzia a testa.

Nossa conversa no carro foi completamente descontraída e gostosa, mas deu uma pausa quando chegamos ao restaurante.

— Eu costumava vir aqui com meu irmão quando era novo. Esse restaurante tem muitos anos. — Comentei e ela sorriu de canto, enquanto sentávamos em alguma mesa.

— Eu sei. Venho aqui com a minha mãe em algumas sextas desde que eu era criança. — A olhei surpreso, logo ficando confuso com seu comentário.

— É estranho. Porque sua mãe manteria essa situação, se ela nunca conheceu meu irmão? — Mariana deu de ombros.

— Ela acabou transformando isso numa tradição. Frequentamos lugares que você ia com seu irmão, que vocês iam com Alexandra e até mesmo lugares em que só vocês dois frequentavam.

— Nós dois?

— Sim, ela fazia isso para manter todos vocês vivos dentro de nós duas. — Mariana sorriu de leve e eu mantive meu semblante confuso.

— E... — Pigarreei olhando para minha mão e depois voltando meu olhar para Lali. — Sua mãe sempre falou de mim?

— Sim. — Ela respondeu dando de ombros, como se aquilo fosse óbvio.

Eu ia continuar a conversa, mas fomos interrompidos pelo garçom que nos atendeu.

Fizemos os nossos pedidos e eu acabei mudando de assunto rapidamente, contando como era visitar esses lugares com meu irmão. Era melhor assim, pois eu tinha um certo receio das respostas que eu poderia receber.

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Deixei Mariana na casa de alguém como ela havia me pedido. Pedi para que ela se cuidasse assim que me dei conta de que se tratava de uma festa. Ela sorriu abertamente, agradeceu e se despediu, entrando no local.

Quando acelerei para me afastar, ainda sentia meu coração um pouco mais acelerado. Um sentimento puro de ter conseguido resolver a situação, de ter conseguido facilmente me aproximar de uma filha que nunca conheci.

Respirei fundo e olhei para o banco de trás, me dando conta de que meu computador não estava lá.

Droga! Esqueci no escritório.

Virei na próxima rua, decidido a buscá-lo, afinal, eu precisava terminar algumas coisas e rever algumas situações administrativas do restaurante.

Assim que caminhei pelo corredor, achei estranho, pois a luz do escritório ainda estava acesa. Sério que Dulce esqueceu?

Entrei e senti meu peito apertar ao ver Dulce escorada na mesa do escritório, com a cabeça apoiada nos braços, enquanto suspirava ao dormir.

Me aproximei devagar, não queria assustá-la.

Foi a primeira vez que vi seu semblante leve, sem dor, sem medo, sem raiva. Ela respirava profundamente e tinha algumas mechas de cabelo do rosto.

E se eu tirasse pra que ela dormisse com mais tranquilidade?

Me aproximei mais um pouco, mas travei quando os olhos dela se abriram.

— Christopher? — Ela disse levantando e passando a mão no rosto. — O que você está fazendo aqui?

— Vim buscar meu computador. — Falei apontando para minha mesa. Ela assentiu e suspirou alto.

— Eu estava resolvendo algumas burocracias e acabei adormecendo por uns minutos. — Ela bocejou e me olhou. — Como foi com a Lali? — Seu tom tinha um pouco de preocupação.

— Foi agradável. — Falei dando um pequeno sorriso e colocando as mãos no bolso. — Ela é uma menina incrível, inteligente e decidida.

— Ela conquista as pessoas com muita facilidade. — Ela sorriu com orgulho.

— Ela também se parece muito com meu irmão. — Sorri de canto. — A cor do cabelo, a boca.

— Seu pai dizia a mesma coisa. — Ela abriu um pequeno sorriso. — Fico feliz que vocês tenham se entendido. — Seu olhar parecia sincero.

— Acho que o que deixou tudo mais fácil, é o fato de que ela já sabia quem eu era. — Dei de ombros e franzi a testa de leve. Dulce deu de ombros e assentiu, como se aquilo que eu acabasse de dizer fosse óbvio. — Porque nunca mentiu para Mariana sobre mim? Você poderia simplesmente dizer que o pai dela era Daniel, por exemplo, para que ela não sofresse por não ter o pai dela presente.

— Porque Mariana sofreria muito mais se um dia descobrisse esse tipo de mentira. Sempre ensinei ela a confiar em mim, e eu também confio muito nela. — Eu assenti, achando aquela resposta algo realmente incrível, mas disfarcei para não transparecer.

— Bom, perfeito! — Falei me virando na direção da minha mesa. — Vou pegar meu computador e terminar minhas coisas no hotel. — Falei pegando meu computador em cima da mesa. — Você não vai também?

— Estou finalizando um relatório, e em seguida estou indo também. — Eu assenti, sorrindo de leve sem mostrar os dentes. — Você ainda está no hotel? — Ela perguntou com a testa levemente franzida. — Pretende ficar lá por todos esses meses?

— Na verdade não, estou resolvendo algumas coisas desde que voltei. Tenho que verificar minhas documentações, os imóveis em meu nome e logo depois pretendo procurar alguma coisa. — Dulce se remexeu na cadeira, parecendo desconfortável.

— Documentações? — Ela pareceu engolir em seco e eu assenti. — Ah, ok! Espero que você consiga resolver tudo logo.

— Certo! — Me virei para ela. — Boa noite!

— Boa noite! — Ela me respondeu com um pequeno sorriso nos lábios.

Virei as costas e saí, me sentindo completamente confuso depois da conversa que tivemos. Se ela realmente sabia que eu estava vivo e mentiu todos esses anos, porque diria a verdade para Mariana sobre eu ser seu pai?


Olha a dúvida muito bem plantadinha na cabeça de Christopher. Volto com mais em breve! Besos da Blan ♥

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