Quase 18 anos depois do desaparecimento de Christopher, seu pai acaba falecendo e deixando a empresa para sua única neta, Mariana. Dulce por ser a responsável pela menor, acaba tomando as rédeas da situação. Mas, ela não esperava que tudo isso trari...
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Inverno de 2023
Christopher
Desde que cheguei no México, tudo é uma enorme confusão. Nada faz sentido, nenhuma peça se encaixa.
Quando acordei muitos dias após o acidente, tudo era muito confuso. Eu não fazia ideia de quem eu era ou do que tinha acontecido para que eu parasse lá.
Naquele hospital da pequena vila que me acolheu, recebi a notícia que minha mãe havia tirado a própria vida e foi quando voltei a mim mesmo, me lembrando que também perdi um irmão assim.
Me lembro do médico me perguntar a idade que eu tinha. Respondi, e ele achou estranho. Me perguntou em que ano estávamos, e eu disse que era 1999. Eu literalmente parei no tempo após o meu acidente.
Não era 1999, minha mãe não estava mais entre nós e eu sabia quem era o maior culpado disso tudo: meu pai.
Eu não tinha mais ninguém, não tinha mais motivos para voltar para o México. Eu não conseguiria encarar a morte da minha mãe. O que eu tinha era a desculpa perfeita para finalmente viver a minha vida.
Com o dinheiro que encontrei em minha conta, fui embora para a Itália, onde conheci Micael, que se tornou meu sócio meses depois, quando abrimos nosso restaurante.
Fiquei bem, quase curado, com a certeza de que não voltaria para meu país, mas ele conseguiu me achar. Dois anos depois, precisei olhar na cara do meu pai novamente.
Disse todas as palavras que sempre desejei dizer, que estavam entaladas em minha garganta. Ele não tinha ninguém mais, e sua única preocupação era a Licence.
Nunca fui eu, nem meu irmão, nem sua família, mas sua empresa e seu legado. E foi por isso que eu fiz questão de dizer que não voltaria.
Discutimos e ele foi embora. Nunca mais eu soube sobre ele, até sua morte.
Em uma ligação, descobri que ele havia falecido e me deixado uma porcentagem de sua empresa. Engoli toda a dor que eu sabia que sentiria para voltar ao México, e o fiz com um único propósito: me livrar do que meu pai tanto amava.
Mas, eu já estava prevendo as pedras que ficariam no meu caminho e eu precisava me livrar delas. Dulce Maria era a principal.
Eu sabia de sua existência desde que acordei do acidente. O médico deixou claro que foi a última ligação feita do meu celular, que ligaram para ela e sua única resposta foi sobre a morte da minha mãe.
Não quis saber como eu estava. Não quis saber onde eu estava. Não apareceu para me buscar e nem pareceu interessada.
Eu sabia que eu tinha apagado 6 anos da minha vida, e em certos momentos tive curiosidade de saber o que aconteceu, quem era a mulher que foi a última ligação do meu celular. Porém, o que Natália me contou em nosso reencontro foi o suficiente.
