Inverno de 2005
Dulce María
Senti minha barriga roncar quando já havia anoitecido. Eu já havia sentido fome algumas horas antes, mas procrastinar para não precisar levantar do sofá e preparar algo para comer.
Eu precisava tomar vergonha na cara.
Levantei no sofá resmungando e indo até a geladeira, pegando algumas coisas para fazer um sanduíche.
Escutei meu celular tocar assim que coloquei minhas coisas em cima da bancada. Corri até ele, na esperança que fosse Christopher, mas franzi a testa assim que vi o nome de Antônio na tela.
Será que vou ter que resolver uma crise de mídia em pleno sábado?
— Sr. Antônio? — Atendi me segurando para não suspirar. Para ele me ligar dessa forma, em fim de semana, é porque alguma coisa havia acontecido.
— Dulce. — Sua voz parecia estranha. Franzi ainda mais a testa, sentindo meu peito apertar. — Onde você está agora?
— Estou na minha casa, Sr. Mas, se você precisa de alguma coisa, posso ir até a empresa agora. — Falei caminhando na direção da porta de casa para pegar as chaves do meu carro e o meu casaco.
— Não, eu preciso que você fique calma, pois não tenho uma boa notícia. — Naquele momento eu entendi que algo tinha acontecido com Christopher.
— Onde está Christopher? — Falei quase em um fio de voz.
— O motorista se perdeu na estrada e o carro em que Christopher estava capotou e caiu de uma altura... — Ele pareceu engolir em seco do outro lado da linha. — Ainda não o encontraram.
Senti meu olho lacrimejar e engoli a saliva. Parecia que eu estava engolindo uma agulha.
— Sr. Antônio, você pode me mandar o endereço de onde isso aconteceu? Eu quero... eu preciso fazer alguma coisa. — Falei sentindo um nó imenso se formar na minha garganta.
— Querida, não tem nada que você possa fazer agora. — Ele suspirou. — Eu estou aqui, envolvido com as buscas, prometo que assim que souber de algo, você será a primeira a saber. — Franzi a testa de leve. — E, por favor, não comente nada ainda com Alexandra. Estou fazendo de tudo para que não saia nada na mídia, ainda.
— Ok. — Foi a única coisa que eu conseguir dizer, escutando o telefone desligar.
Coloquei a mão em cima do balcão, me segurando para não cair.
Senti as primeiras lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Eu sabia que algo aconteceria. Eu não devia ter deixado ele ir nessa viagem. Eu...
Senti meu estômago embrulhar e corri para o banheiro, segurando a vontade imensa de vomitar.
Abri o vaso, me ajoelhei e coloquei tudo pra fora.
Sentei no chão e foi quando me senti sozinha, pequena, com uma dor devastadora dentro do peito.
Ele estava bem.
Era o que eu tentava colocar na minha cabeça, mas não funcionava.
Se ele estava bem, porque ainda não o encontraram?
O choro finalmente chegou ao me dar conta que ele poderia estar... Não, eu nego a sequer pensar.
A dor foi imensa, avassaladora. Chegou dominando cada parte do meu corpo, me engolindo por inteira.
Naquele pequeno ponto de esperança, havia o pensamento e a sensação de que eu jamais veria o amor da minha vida novamente.
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— Dul, onde você está? — Maite gritou da sala.
— No banheiro. — Falei o mais alto que eu consegui.
Eu estava no banheiro desde que tinha passado mal. Não consegui levantar depois de tudo o que havia acontecido.
Maite entrou com o olhar repleto de preocupação. Logo atrás dela estavam Anahí e Christian, tão preocupados quanto ela.
— O que foi que aconteceu? Porque você está assim? — Funguei e solucei em seguida, sentindo o choro voltar.
Eles ainda não sabiam, eu não tinha conseguido falar ao telefone.
— O Chris, May. — Tentei engolir meu choro, mas as lágrimas insistiam em cair. — Ele desapareceu.
— Credo, Dulce, do que você está falando? — Christian arregalou os olhos e Maite se aproximou de mim, se abaixando e tocando meu braço.
— O carro... — Engoli em seco. — O carro dele capotou na estrada a caminho Tepoztlán. Ele ainda não foi encontrado. — Coloquei a mão na barriga, tentando segurar o enjoo que eu estava sentindo.
— Quem te disse isso? — Anahí perguntou, em choque.
— Acabei de falar com Antônio. — Solucei. — Eu quero ir até lá, eu quero encontrá-lo. Tenho certeza que se eu for, vou encontrá-lo. — Falei tentando me levantar. Maite me segurou.
— Desse jeito você não vai ajudar muito, Dul. Você precisa se acalmar. — Maite disse me ajudando a levantar.
— Vou ligar pro Poncho e pedir que ele vá até lá, Dul. — Eu apenas assenti, estava mesmo perdendo todas as minhas forças.
Anahí se retirou do banheiro e Christian se aproximou para ajudar Maite a me levar para fora do banheiro.
— Não é justo, May, não é justo que Deus tire ele de mim no dia em que nos casamos. Não pode ser. — Meu corpo tremeu, eu estava até mesmo com falta de ar.
— Como assim se casaram? — Christian perguntou confuso. Maite o olhou séria e balançou a cabeça. Aquele não era o momento.
— Christopher está bem, Dul. Coloquei isso na sua cabeça. — Ela disse assim que eles me sentaram no sofá.
Maite se agachou e ficou na altura das minhas pernas, colocando as mãos nas minhas coxas e me olhando nos olhos.
— Você precisa se acalmar. Eles vão encontrá-lo, logo ele estará aqui. Você verá. — Eu assenti, soluçando.
— Deita aqui, Dul. Eu vou te trazer água e um remédio que vai te ajudar com esse nervosismo. — Christian disse, se levantando e se afastando em direção a minha cozinha.
— Ele precisa ser encontrado, ou quem vai morrer sou eu. — Funguei e passei a mão no rosto molhado.
— Não fale besteiras, ele será encontrado e todos nós ficaremos bem. — Eu assenti, tentando me apegar naquela frase que Maite tinha acabado de dizer.
Ele disse que estaria de volta assim que eu acordasse. Talvez se eu só fechar os olhos...
♥
É isso gente, estamos de verdade chegando ao fim dessa fase, em breve vai chegar a nova fase. Besos da Blan ♥
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No te olvides ✨
RomantizmQuase 18 anos depois do desaparecimento de Christopher, seu pai acaba falecendo e deixando a empresa para sua única neta, Mariana. Dulce por ser a responsável pela menor, acaba tomando as rédeas da situação. Mas, ela não esperava que tudo isso trari...