Quase 18 anos depois do desaparecimento de Christopher, seu pai acaba falecendo e deixando a empresa para sua única neta, Mariana. Dulce por ser a responsável pela menor, acaba tomando as rédeas da situação. Mas, ela não esperava que tudo isso trari...
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Outono de 2023
Peter
De cantinho, pela porta do meu quarto, fiquei espiando para ver se Mariana abriria a porta para seu pai. E ela abriu.
Ao mesmo tempo que isso me deixou aliviado, me deixou chateado.
Geralmente eu era seu lugar de escape, para onde ela fugia quando precisava chorar e desabafar, mas agora ela não queria me ver. E não pelo que aconteceu aqui, mas sim pelo que rolou entre nós dois antes de chegarmos em casa.
Eu sabia que não poderia tê-la beijado, mas eu simplesmente não consegui me controlar. Foi como se meu corpo fizesse tudo sozinho, como se eu não tivesse controle dele. Ele queria beijá-la, queria tocá-la e eu não poderia negar.
Fiquei deitado em meu quarto olhando para o teto durante um bom tempo. Estava tentando organizar meus pensamentos antes de ir conversar com meu pai. Era muita coisa para digerir.
Ele sabia que o pai de Mariana estava vivo. Ele roubou 18 anos da vida dela. Meu pai.
A parte mais difícil dessa história, é fechar os olhos e voltar no tempo, quando minha mãe ainda era viva. Ela sempre soube, mas o amava demais para ir embora.
Lembro vagamente de como ela se sentia sozinha. Ela sempre me disse que a hora que mais amava era quando eu voltava da escola, porque eu era sua melhor companhia. E agora eu entendo o motivo.
Quando tomei coragem de me levantar e caminhar até o quarto deles, o silêncio era constrangedor. Dulce estava encostada na entrada do quarto, enquanto meu pai guardava suas coisas em uma mala.
— Pai, gostaria de conversar com você. — Falei entrando no quarto.
— Não é um bom momento, Juan Pedro. Você tinha que estar recolhendo suas coisas também. — Franzi a testa de leve e suspirei alto.
— Não pretendo ir embora daqui. — Falei completamente decidido.
— Não sei se você percebeu, mas não temos muita escolha. Fomos expulsos. — Ele disse praticamente cuspindo as palavras, enquanto guardava suas roupas na mala.
— Não, quando disse que precisava sair, estava me referindo a você. Peter é meu afilhado, pode ficar aqui em casa quanto tempo quiser. — Dulce disse firme e me olhou. Eu dei de ombros e assenti.
— Pretendo ficar.
— Não consigo acreditar que você vai me trair dessa forma. Meu próprio filho. — Ele disse rindo pelo nariz, de forma irônica.
— Não estou fazendo isso, pai. — Falei suspirando, cansado. — Estou ficando porque cresci nessa casa nos últimos anos, e também porque Dulce e Mariana precisam de mim.
— Não sei porque você ainda não percebeu que elas já tem alguém aqui por elas, não precisam mais da gente. — Ele disse com desdenho.
— Pode até ser. — Dei de ombros. — Mas também sei que não é assim que as coisas funcionam. Você só está indo embora daqui pelo que fez, e não porque outra pessoa voltou.