capítulo 6

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Leonor

   O ambiente da competição transbordava uma atmosfera eletrizante. As luzes brilhavam como estrelas na arena, destacando o gelo perfeitamente polido. Os espectadores estavam agitados, ansiosos por presenciar uma exibição excepcional, uma obra de arte em movimento.

    Eu estava ali, no epicentro de toda essa expectativa, vestida para impressionar. Meu traje era uma sinfonia de elegância e poder, combinando tons de preto e vermelho, realçando a dualidade da minha natureza no gelo. Cada detalhe do meu figurino refletia a aura de uma vilã magnífica, a princesa sombria e imponente do gelo.

    Meus cabelos loiros estavam presos em um coque elaborado, uma coroa de gelo e cristais adornava minha cabeça, refletindo as luzes em um espetáculo cintilante. As luvas, agora essenciais, ocultavam as marcas das mãos machucadas, mas eu sabia que isso não me deteria.

     O palco era meu reino congelado, um espaço onde eu reinava como a vilã e a rainha. Enquanto avançava para a pista, os acordes de "Believer" cresciam no ar, alimentando minha determinação. Meus patins deslizavam pelo gelo, cortando-o em movimentos sinuosos e precisos, marcando meu território com elegância e escuridão.

     Meu traje refletia minha dualidade, combinando a majestade da princesa do gelo com a aura enigmática do cisne negro. Cada passo era uma história contada sobre a dança entre a luz e a escuridão, um jogo entre a vilã e a heroína que existe dentro de mim.

     Ao som da música intensa, acelerei meus movimentos, girando com uma graciosidade predatória que hipnotizava a plateia. O gelo abaixo dos meus patins era meu aliado, respondendo aos meus comandos enquanto eu desenhava no chão uma narrativa visual de força e paixão.

    Chegou o momento do desafio mais ousado dessa competição, deu certo no primeiro dia mas foi um desastre ontem. Preciso acertar. Concentrei toda a minha energia e, com um salto quíntuplo, desafiei as leis da física e da gravidade novamente. O impulso me lançou para o ar, girando repetidamente, uma, duas, três, quatro vezes... E então, com uma determinação inabalável, completei o quinto giro, pousando com a precisão de uma rainha em seu trono.

A plateia, atônita e hipnotizada pelo espetáculo, irrompeu em aplausos estrondosos. Eu continuei, expressando minha história por meio de movimentos fluidos e explosivos, cada passo ecoando minha jornada, a batalha entre luz e escuridão que travo dentro de mim.

     Após o quíntuplo bem-sucedido, sinto o impulso de elevar minha apresentação a um novo patamar. Com a batida da música "Believer" ecoando em meus ouvidos e a vibração do gelo sob meus patins, decido ir além do convencional. Meus movimentos continuam, fluidos e precisos, mantendo a atenção de todos na plateia. Eu acho que estou bem hoje, meu corpo está leve, minhas mãos doem mas acho que estou em forma, olho de esguelha para minha treinadora e respiro fundo. Vamos nessa Eleonor.

     Em meio aos giros e saltos, sinto uma energia pulsante percorrer meu corpo, impulsionando-me para um desafio adicional. A plateia observa, ansiosa, enquanto aumento a velocidade, cada passo guiando-me para um momento que nunca experimentei em uma competição. Decido encerrar minha sequência de movimentos com um toque surpreendente.

     Preparo-me para realizar uma cambalhota elegante, algo que nunca incluí em minha apresentação oficial. O gelo se torna meu palco, um espaço onde posso desafiar os limites da gravidade. Em um instante crucial, eu me lanço para o ar.

     Sinto uma incrível sensação de liberdade enquanto giro no ar. Tudo ao meu redor parece desacelerar. Meu corpo executa a cambalhota com graciosidade e determinação, meus olhos captam o brilho do gelo ao meu redor. A aterrisagem é crucial, e com a concentração absoluta, pouso com precisão e leveza, mantendo a elegância e a postura que me tornaram conhecida.

Corrupt: It was never meOnde histórias criam vida. Descubra agora