capítulo 73

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Eleonor

Sinto o gelo, pelos patins, sinto meu corpo leve, eu só preciso ficar mais intocável, mais alto, preciso fazer algo novo. Eu pensei em misturar balé e patinação, mas não gostei. Então pensei, em colocar uma venda. Por isso comecei a treinar antes do tempo normal.

Não consigo ver nada, tudo ficou mil vezes mais escuro e mil vezes mais solitário. Não sei quantas vezes eu já bati nas proteções, não sei quantas vezes já cai em um pulo. Mas eu me sinto como quando patinei pela primeira vez. Aprendendo tudo. O tema desse ano é: Começo.

Então vou competir na França, onde foi o meu primeiro TOF. Eu viajei para cá há duas semanas, com Athos, e mesmo eu não goste de deixar ela sempre comigo como se fosse um ímã, ela fica e mesmo que eu peça para ela ficar no apartamento ela quer vir. Ela acorda antes de mim.

Tento deslizar de costas mas me atrapalho e caio sentada. Ouço a voz a acima de mim:

- Que Tombo feio mãe.

- Me sinto com seis anos de idade. - Digo segurando na proteção para levantar.

Sinto as mãozinhas geladas dela, e sorrio e localizo a cabeça dela e dou um beijo.

- Por que está tentando isso? Você pode ganhar mesmo sem mudar algo. - Ela disse com a voz manhosa.

- Porque se não for para ser algo diferente todas vezes eu me aposento. - Patino até onde acho que é o meio do rinque. - Patinar não deve ter limites Athos. Nós temos. A patinação não.

- Qual é seu limite então!? - Ela grita.

- Enjoar. - Grito de volta.

Com o silêncio, então levanto a mão e Athos liga o som, qualquer um, eu não ligo qual é. Preciso de algo que me deixe mais imersa. Então tomo fôlego e começo.

Três meses depois

Em terceira pessoa

O rinque envolto em uma penumbra silenciosa, onde apenas o eco suave das lâminas cortando o gelo quebra a quietude. No centro, ela se destaca, vendada, mergulhada em um ensaio solitário. Athos, sua filha, observa em admiração, seus olhos fixos na mãe que desafia a escuridão com destemor.

A venda sobre seus olhos não é apenas um desafio físico, mas uma jornada interna. Cada passo, um passo de confiança; cada giro, uma dança com a incerteza. O ensaio torna-se um teste de habilidade e intuição, enquanto a música escolhida "This Is Mountain" a guia através de uma coreografia intrincada, como se ela estivesse esculpindo uma obra de arte no gelo.

Os movimentos tornam-se mais intensos à medida que ela se aprofunda na coreografia, Athos como espectadora silenciosa de uma fusão única de música e movimento. A conexão entre mãe e gelo é evidente em cada curva grácil, em cada salto gracioso. É uma expressão pura de paixão pela patinação, uma busca pela perfeição mesmo na ausência da visão.

Apesar da venda, ela antecipa os movimentos, como se pudesse enxergar o próprio ritmo da música. Cada curva é executada com elegância, cada salto com uma precisão que transcende a escuridão ao seu redor. O rinque se torna um palco invisível para uma performance única, onde a arte da patinação se entrelaça com a paixão e a habilidade incomparáveis.

Corrupt: It was never meOnde histórias criam vida. Descubra agora