capítulo 28

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Leonor
Há três anos atrás

    Michael colocou o capuz na minha cabeça e me fez jurar não tirar. Me disse para ficar por perto até que ele achasse alguém para ajudar a ficar de olho em mim. Não sou uma criança que precisa de babá, só queria um tempinho para minha mãe não gritar comigo. Droga...

  Estar com o Michael já é uma puta chama, é como se tivesse letras em neon piscando nas minhas costas. Que saco. Apertei a mão dele e ele parou e me olhou. Eu sei que ele me olhou mas não vi, porque estou com a cabeça baixa. Por mais que tenha parado de sangrar ainda dói.

— O Will está lá dentro, eu preciso fazer uma coisa. — Michael me avisa — Pode ficar com ele um pouquinho?

  Afirmo minha cabeça e sinto ele apertar meus dedos. Droga minha perna dói. Já devem saber que sou eu né? Não. Ninguém sabe que eu machuquei o pé. Então ninguém sabe. Isso é bom. Não ser ninguém. Entramos dentro do armazém e tinha uma fogueira lá dentro, pessoas dançando e de soslaio vi Rika, totalmente livre. Mordi o lábio de inveja.

   Ela podia. Ela tinha tudo, ela era a filha da minha mãe. Eu não. Quis chorar quando lembrei do que ela me falou. Parei no meio do caminho e puxei minha mão. Quando vi o corpo de Michael virando para mim e Rika parando de dançar eu andei rápido até onde Will estava, ele estava bebendo. Estava chapado também.

— Will. — Disse engolindo meu medo. Eu nunca falei com ninguém de verdade. — Posso ficar um pouquinho com você e depois eu vou embora.

   Will parou de se balançar e me encarou, como se fosse um cão curioso ele deitou a cabeça e empurrou o gorro para ver meu rosto, ele sorriu e olhou para além de mim.

— Alvo errado princesa. O Michael está ali. — Will disse e eu fechei os olhos.

— Não. Eu briguei com a minha mãe hoje. E  bati o carro. Posso ficar um pouquinho. Depois eu vou embora. — Digo quase implorando e ele sorri passa o braço pelo meu ombro.

— Claro princesinha. — ele disse virando a garrafa inteira na garganta. — O Michael não vai me matar por estar tomando conta de você né?

   Afirmo com a cabeça e ele me arrastou para outro lugar. Não olhei para trás, não quis. Por que eu veria. E eu não queria ver como era um perdedora. Doía. Não queria sentir mais dor hoje.

    Will me sentou em algum lugar e saiu por alguns minutos, eu encarei o fogo na minha frente e tentei imaginar porque eu só conseguia me foder. Desde que o meu pai morreu eu estou sozinha. Ninguém olha para mim. Ninguém me nota. Olha para esse lugar, eu sou invisível. Mordo meu lábio e arrisco olhar para a direção onde estava Michael e obviamente Rika.

   Senti um pouco de dor na garganta e minha cabeça doeu um pouco. Ele estava perto dela e estava totalmente sugado por Rika. Apertei minhas mãos em punhos e entendi. Não tinha chance, nunca tive. Como ele disse. Sou uma garotinha pra ele.

— O que temos aqui! — Vi Damon sentar ao meu lado e Will do outro. — A realeza não vem aqui Leo.

— Para com isso. — Digo irritada.

— D. Ela bateu a cabeça, disse que bateu o carro e brigou com a mamãe. — Will diz tentando tirar meu capuz mas eu seguro.

— Para. Por favor. — Digo engolindo o choro.

  Abaixo a cabeça e tento não ser a bebezinha chorando por uma piada.

— Não chore porra. — Damo. Segurou meu rosto e passou os dedos gelados por baixo dos meus olhos. — Você fica patética quando chora por nada.

Corrupt: It was never meOnde histórias criam vida. Descubra agora