TRINTA E SEIS - CHIARA

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Estou no quarto, imersa nas páginas de "A Insustentável Leveza do Ser", permitindo-me um raro momento de introspecção e escapismo. As palavras de Kundera ecoam na minha mente, cada frase carregada de uma filosofia que ressoa profundamente comigo. A dualidade da leveza e do peso, da liberdade e da prisão, tudo isso parece refletir minha própria existência.

O som da porta se abrindo interrompe meus pensamentos. Levanto o olhar e vejo Dário entrando no quarto, suas mãos carregadas de sacolas de roupas. Ele sorri ao me ver, um sorriso que mistura possessividade e adoração.

— Chiara, trouxe algumas coisas para você. — Ele diz, colocando as sacolas na cama ao meu lado.

— O que é isso? — Pergunto, fechando o livro e colocando-o de lado, a curiosidade misturada com cautela na minha voz.

— Achei que você gostaria de algumas roupas novas. — Responde ele, sentando-se na beirada da cama, perto de mim. — Quero te ver sempre linda.

Sorrio, um sorriso suave e calculado, enquanto alcanço uma das sacolas. Abro-a e começo a retirar as peças, uma a uma. Vestidos de seda, blusas de renda, saias elegantes. Cada peça é escolhida com cuidado, refletindo o gosto requintado de Dário.

— São lindas, Dário. Obrigada. — Digo, minha voz doce e submissa, mantendo a máscara perfeita.

Ele observa enquanto examino as roupas, seu olhar fixo em mim, absorvendo cada reação.

— Quero que experimente um desses vestidos. — Ele diz, levantando-se e pegando um vestido vermelho de seda.

— Claro. — Respondo, levantando-me e pegando o vestido de suas mãos.

Vou até o banheiro e fecho a porta, permitindo-me um breve momento de privacidade enquanto troco de roupa. Sinto a seda suave deslizar pela minha pele, o tecido luxuoso abraçando minhas curvas. Olho-me no espelho, vendo a mulher que ele quer que eu seja: impecável, deslumbrante, perfeita.

Volto para o quarto, sentindo o olhar de Dário se acender quando me vê.

— Você está deslumbrante. — Diz ele, aproximando-se para acariciar meu rosto.

— Obrigada. — Respondo, minha voz suave.

Ele me puxa para mais perto, suas mãos deslizando pelo meu corpo, apreciando cada detalhe do vestido.

— Você é perfeita. — Murmura ele, seus lábios encontrando os meus em um beijo possessivo.

Repondo ao beijo, mantendo a fachada de devoção. Sinto a intensidade do seu desejo, a força da sua possessão. Mas por dentro, minha mente está sempre calculando, sempre planejando.

— Tenho uma surpresa para você hoje. — Ele me beija novamente, suas mãos explorando meu corpo com familiaridade. Sinto o peso da sua presença, a força do seu controle. Mas também sinto a determinação crescer dentro de mim. Cada momento de submissão, cada ato de obediência, é uma peça no meu jogo, uma parte do meu plano.— Prepare-se, saímos em uma hora. — Diz ele, afastando-se para deixar o quarto.

— Estarei pronta. — Respondo, observando enquanto ele sai.

Volto para o espelho, ajustando o vestido e observando meu reflexo. A mulher que vejo é uma mistura de força e vulnerabilidade, uma guerreira escondida atrás de uma fachada de perfeição. Volto para a cama e pego meu livro novamente, mas minha mente está longe das páginas de Kundera.

*******

Descemos a escada que leva à grande e conhecida sala onde fui compartilhada várias vezes. Cada degrau que desço, sinto o pânico crescendo dentro de mim, uma onda esmagadora que ameaça me consumir. A sala é opulenta, decorada com luxo e excessos, mas para mim, é um lugar de terror e humilhação. As memórias das vezes em que fui usada e abusada ali retornam com uma intensidade esmagadora.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora