CEM - DANTE

37 11 1
                                    

Ela se levanta de repente, o rosto se contorcendo em uma expressão de fúria, misturada com o desespero de quem está perdendo tudo. As mãos tremem ao lado do corpo, e sua respiração se torna mais pesada, quase descontrolada. O escândalo começa com um grito alto, uma explosão de palavras que saem sem filtro, carregadas de dor e indignação.

— O quê?! Como você ousa?! — A voz dela ecoa pelas paredes, como se quisesse destruir tudo ao seu redor. — Você vai acabar com o nosso noivado... para se casar com ela?! Com aquela garota?!

A intensidade de suas palavras me atinge como uma onda, mas mantenho a expressão firme, apesar do caos que sei que está prestes a se desenrolar. Sofia está à beira do colapso, sua voz oscilando entre a raiva e a mágoa, enquanto tenta processar o que acabou de ouvir.

— Não pode estar falando sério! — Ela se aproxima, os olhos faiscando de ódio enquanto balança a cabeça, como se recusasse a acreditar. Os punhos dela se fecham e abrem, como se estivesse tentando controlar a vontade de me agredir.

— Eu sei que isso é difícil de ouvir — começo, mantendo a voz calma, mas firme. — Mas o noivado acabou. Não posso mais continuar fingindo. Eu vou me casar com Chiara. Não era para ser assim, mas agora é.

Ao mencionar o nome dela, vejo Sofia praticamente desmoronar, mas a raiva rapidamente assume o controle. Ela ri, um riso amargo, seco, cheio de sarcasmo, como se minhas palavras fossem uma piada cruel.

— Com Chiara?! Você vai me trocar por ela?! Aquela garota nunca será o que eu sou! Nunca vai te dar o que eu te dei! — As lágrimas que agora caem de seus olhos são misturadas com a voz trêmula de quem sabe que está perdendo. — Eu fiz tudo por você! Me dediquei, aceitei essa vida, essa maldita vida, e agora você simplesmente joga tudo fora por... por ela?!

A dor nos olhos dela é palpável, mas há algo mais profundo, uma ferida que talvez eu tenha subestimado. Ela me observa como se tentasse encontrar alguma fraqueza, algo que lhe desse esperança de que isso não fosse verdade, de que minhas palavras fossem apenas uma provocação cruel.

— Por que ela? — A voz dela agora é mais baixa, mais frágil, como se implorasse por uma resposta que pudesse justificar a dor que está sentindo. — O que ela tem que eu não tenho?

Suspiro, sabendo que, não importa o que eu diga, nada aliviará o golpe. Não há resposta que possa apagar os anos de promessas quebradas, de expectativas não atendidas. Eu não deveria ter permitido que isso fosse tão longe. Sofia é uma peça importante na política da máfia, e meu noivado com ela sempre foi mais estratégico do que emocional. Mas agora, com Chiara, tudo mudou. As emoções que tento controlar são fortes demais para serem ignoradas.

— Isso nunca foi sobre o que falta em você — digo, os olhos fixos nos dela. — Mas não posso continuar mentindo para você. Eu não a escolhi no início, mas agora não posso imaginar um futuro sem ela.

Essa confissão parece ser a gota final. Ela balança a cabeça de novo, os olhos cheios de lágrimas e a boca tremendo enquanto me encara, como se estivesse lidando com uma traição tão profunda que a razão já não fazia sentido.

— Traidor! — Ela finalmente explode, a voz cortante, o dedo apontado em minha direção como se fosse uma arma. — Vai se arrepender disso, eu juro! Você não sabe o que está fazendo! Vai jogar tudo fora... todo o poder, todas as conexões, a confiança de nossas famílias! Tudo, por uma garota que mal sabe onde está pisando nesse mundo!

Ela começa a andar pela sala, suas mãos indo aos cabelos, puxando-os de frustração. O rastro de sua fúria é palpável, como uma tempestade que ameaça destruir tudo ao seu redor. O som dos soluços misturados com o desespero cria uma atmosfera sufocante, quase claustrofóbica.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora