Resgatada pelo mafioso - Livro Um

SETENTA - CHIARA

Durante o tempo em que fui prisioneira de Dário, ele me forçou a viver em condições desumanas. A comida era escassa, quase inexistente, e eu era mantida à beira da exaustão física e emocional. Meu corpo refletia essa crueldade — magro, frágil, uma sombra da mulher que eu costumava ser.

Agora, sob a proteção de Dante, começo a me recuperar, embora o processo seja lento e doloroso. Minhas forças estão voltando, as refeições adequadas me ajudam a ganhar resistência, e, aos poucos, estou deixando de ser uma vítima para me tornar algo mais. Uma lutadora. Cada treino, cada desafio físico que ele coloca à minha frente, faz meu corpo responder. Eu me olho no espelho e vejo essa transformação. Não sou mais a mulher quebrada que Dário tentou destruir. Eu me reinvento a cada dia.

Naquela noite, acordo de um pesadelo. Meu corpo está suado, o coração bate acelerado no peito, e a respiração sai em ofegos. Tento me acalmar, mas a sensação de que estou sendo observada faz meus instintos se acenderem. Olho ao redor, e é quando percebo a silhueta de Dante. Ele está ali, sentado em uma poltrona, observando-me em silêncio.

— Você está bem? — pergunta ele, a voz baixa e grave, quebrando o silêncio da noite.

Meus olhos percorrem seu corpo, delineado pela luz suave que entra pela janela. Ele está sem camisa, com um charuto entre os dedos, e o cheiro forte do tabaco preenche o ar. Tensiono os músculos, não pelo medo, mas pela atração palpável que sua presença provoca.

— Só... um pesadelo — respondo, tentando soar tranquila, mas meu corpo fala outra língua. Estou completamente alerta, ciente de cada detalhe dele.

Ele se levanta, caminhando em minha direção. Seu olhar é intenso, penetrante. Ele para ao lado da cama, a poucos centímetros de mim, e me encara com uma expressão que não consigo decifrar.

— Chiara — murmura ele, sua voz mais baixa, mas cheia de um magnetismo que me prende. — Você está se tornando uma verdadeira lutadora. Cada dia que passa, suas habilidades melhoram.

Sinto um arrepio percorrer minha espinha quando ele se inclina, seus olhos ainda presos aos meus. Ele estende a mão e traça lentamente o contorno do meu rosto com a ponta dos dedos. Meu corpo reage ao toque dele, como se estivesse em ebulição, mesmo sabendo que isso é perigoso.

— Há coisas que você ainda não entende sobre este mundo — ele continua, a voz grave reverberando no meu peito. — Mas eu estou aqui para guiá-la. Confiança é a chave. E você vai aprender a usá-la.

Seus dedos descem pelo meu queixo, e eu sinto cada centímetro desse toque. A tensão entre nós é palpável, como se algo estivesse prestes a explodir. Nossos rostos estão tão próximos que quase posso sentir sua respiração quente contra a minha pele. Mas antes que qualquer coisa aconteça, ele recua.

— Você precisa descansar. O treino amanhã será pesado — diz ele, a voz já um pouco mais distante. E então, sem mais uma palavra, Dante se afasta, deixando-me em um turbilhão de pensamentos e sensações.

Na manhã seguinte, corro na esteira, tentando me livrar dos sentimentos que ele desperta em mim. A música alta não é suficiente para abafar os pensamentos. Dante está presente, mesmo quando não está aqui. Ele entra na academia, e a tensão entre nós retorna.

Ele sobe na esteira ao meu lado, sem camisa, e sinto o peso do seu olhar em mim.

— Após o almoço, vamos trabalhar com armas mais pesadas — ele diz, a voz carregada de seriedade. — Quero que continue evoluindo, se tornando mais forte.

— Eu entendo — respondo, tentando manter a compostura. Mas é difícil, porque meu corpo reage a cada palavra que sai dos lábios dele. Dante é uma presença avassaladora, e a atração entre nós é algo que não consigo mais controlar.