TRINTA E OITO - DÁRIO

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Na manhã seguinte, depois de uma noite turbulenta, levanto-me e desço até meu escritório. A rotina na máfia não espera, nem mesmo depois de uma noite tão perturbadora. Enquanto minha mente ainda ecoa com as imagens do que aconteceu, o telefone toca, interrompendo meus pensamentos sombrios.

Atendo a ligação, e a voz de meu pai, Filipo, soa através do receptor. Ele expressa satisfação, pelo menos por hora, com a moça que providenciei para ser compartilhada. É um negócio sujo e perverso, mas é assim que as coisas funcionam em nossa família.

— Estou contente em ouvir isso, pai. — Respondo com um tom calmo, mantendo minhas emoções escondidas.

O relacionamento com meu pai é complicado, cheio de ambiguidades e expectativas sombrias. Ele sempre foi um homem impiedoso e ambicioso, pronto para fazer o que fosse necessário para manter o poder da família Fiore intacto.

— Você fez o que era preciso, Dário. Precisamos manter nossa influência — continua ele. — Mas lembre-se, meu filho, isso é apenas um passo no nosso caminho. Há mais trabalho a ser feito.

Eu sei exatamente o que ele quer dizer. A máfia não conhece limites morais, e eu, como seu filho, tenho um papel a desempenhar na manutenção de nosso domínio. Mesmo que isso signifique realizar atos que me deixam enojado.

— Eu entendo, pai — respondo com um nó na garganta.

A ligação se encerra, e fico ali, olhando para o telefone como se pudesse encontrar respostas para todas as perguntas que atormentam minha mente. Prometi a Chiara algo melhor, uma saída desse pesadelo. Mas sei que essa promessa está longe de ser cumprida. A máfia é como um poço sem fundo, e, por mais que eu tente, estou mergulhado em suas profundezas sombrias, incapaz de escapar.

Davide, Donatello e Diógenes entram em meu escritório com expressões imperturbáveis em seus rostos. Eu os encaro, sabendo que eles vêm me trazer detalhes sobre o que aconteceu na noite macabra. Suas palavras cortantes e sem remorso ecoam pelo ambiente enquanto compartilham cada detalhe do que fizeram.

— Dário, você deveria ter visto a expressão dela quando a algemamos naquela cama. — Davide começa, sua voz carregada de um tom perverso de satisfação. — Ela estava completamente aterrorizada, implorando por misericórdia.

Donatello continua, como se narrasse uma história casual:

— A garota se debatia e chorava, mas foi inútil. Nós a possuímos, um após o outro, enquanto ela gritava de dor e agonia.

Diógenes completa com um sorriso sinistro:

— No final, ela estava quebrada, completamente submissa. Era como se sua vontade tivesse sido esmagada.

Enquanto eles relatam os eventos da noite anterior, um misto de repulsa e fúria cresce dentro de mim. Fiz parte disso, mesmo que sob a pressão de meu pai. No entanto, sei que não posso mostrar fraqueza diante dos meus companheiros da máfia. E, porra, eles querem fazer aquilo com a minha Chiara. Davide completa:

— Uma virgem inocente, até nós a despojarmos de qualquer vestígio disso.

— Vocês não têm remorso algum pelo que fizeram? — Minha voz soa ríspida, mas há uma pitada de desespero oculta por trás dela.

Os três homens trocam olhares breves, antes de Davide responder com indiferença:

— Remorso é para os fracos, Dário. Fazemos o que precisamos fazer para manter o poder da família.

Assinto, forçando-me a aceitar a brutal realidade da situação. Estou encurralado, entre as demandas de meu pai e a terrível realidade da máfia. É uma teia de mentiras, violência e submissão da qual não posso escapar.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora