SESSENTE E SETE - CHIARA

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Respiro fundo, engolindo a necessidade de fugir ou de seguir Dante com os olhos, e me preparo para o treino. Mas nada parece aliviar o turbilhão que ele deixou em mim. O controle que tentei tanto manter se esvai a cada respiração, a cada batida acelerada do meu coração. A verdade é que ele sempre soube como mexer comigo, como abalar minhas defesas, e isso me deixa completamente fora de mim. Estou vulnerável. Estou à beira de um precipício, prestes a me deixar cair, e tudo por causa dele. Porra, Dante tem esse poder sobre mim, e eu odeio tanto quanto desejo isso.

A tensão entre nós, mesmo no silêncio, é como uma corrente inquebrável. Ela não desaparece quando ele se afasta, nem mesmo quando estou sozinha. É como se ele estivesse gravado em mim, em cada parte do meu corpo que ainda pulsa, mesmo depois que sua mão já não está ali. A academia, o treino, tudo se transforma em um segundo plano enquanto tento lidar com o que estou sentindo, com a forma como Dante tem a capacidade de invadir meus pensamentos e perturbar minha paz.

Eu sei que ele está jogando. É o que ele faz. Mas, por mais que eu queira resistir, por mais que eu saiba que ceder a isso é perigoso, meu corpo, traidor, responde. Ele sempre respondeu.

O personal não perde tempo. Assim que Dante se afasta, ele me direciona para o chão da academia, preparando o tapete para que eu comece uma série extenuante de abdominais. Deito-me e sinto cada músculo tenso e, ao mesmo tempo, inquieto. O toque de Dante ainda reverbera em minha pele, e é quase impossível ignorar as lembranças enquanto movo o corpo repetidamente, puxando o abdômen para cima e para baixo em um ritmo frenético. O personal está focado em seu trabalho, incentivando-me a continuar, a superar a fadiga que rapidamente começa a se instalar.

— Mais uma série. Vamos! — Ele diz, com uma firmeza que quase me faz sorrir. Mas eu mal consigo focar no som da voz dele. Meus pensamentos vagam, voltando para a sensação das mãos grandes de Dante sobre minha pele, o calor daquela proximidade. Por mais que tente afastar as imagens, elas retornam com força total, trazendo consigo a frustração de saber que nunca serei imune a ele.

A série de abdominais parece interminável, cada repetição mais pesada que a anterior, mas de certa forma, a dor física me ajuda a desviar a mente do que aconteceu minutos atrás. A intensidade do treino força o foco em algo mais imediato, algo mais palpável que o desejo que ainda percorre minhas veias. A cada vez que subo, sinto a tensão nos músculos do abdômen. O personal está ao meu lado, corrigindo a postura, ajustando pequenos detalhes, mas nada parece amenizar o peso da tensão que Dante deixou no ar.

— Agora, vamos trabalhar os ombros. — Ele anuncia, pegando os pesos e me direcionando ao banco.

Sento-me com a barra em mãos, pronta para malhar os ombros, sentindo o esforço se concentrar nos músculos que começam a queimar sob a pressão. O personal posiciona-se atrás de mim, observando atentamente cada movimento, certificando-se de que tudo está no lugar certo. A barra sobe e desce, meus braços tremem sob o peso, e a intensidade do esforço começa a distrair meus pensamentos, levando-os para algo mais prático, mais imediato. A respiração está pesada, a queima nos ombros é intensa, mas serve de alívio.

A cada repetição, a mente vai ficando mais limpa, mais focada. O esforço físico ajuda a acalmar a agitação interna. Os ombros doem, os braços cansam, mas é bom. A sensação de controle retorna, ainda que de forma física. No entanto, mesmo com o foco no treino, há um eco insistente que me lembra de Dante. De como ele estava ali, tão próximo, invadindo meu espaço, mexendo com minha sanidade. Ele disse que precisava que meu corpo estivesse mais forte para o próximo desafio, que as armas de fogo exigiriam mais de mim. O som da voz dele ainda ecoa na minha cabeça, grave e autoritário, como se ele tivesse um domínio completo sobre meu destino.

Mas o treino segue, e eu respiro fundo, tentando manter a concentração nas instruções do personal. Ele continua orientando os movimentos, ajustando os detalhes do exercício, mas minha mente, por mais que tente fugir, sempre acaba voltando para Dante.

Dante se aproxima com passos silenciosos, observando cada movimento com seus olhos atentos, avaliando minha precisão a cada disparo. Quando finalmente acerto o centro do alvo com a Sauer, vejo um lampejo de satisfação em seu rosto. Mas ele não me dá tempo para aproveitar a vitória.

— Bom tiro — ele comenta com aquela voz grave, que sempre parece abalar minhas defesas. Mas, em seguida, me pega de surpresa. — Está na hora de um desafio maior.

Sem mais explicações, ele se vira e caminha até o depósito de armas, deixando-me ansiosa. Quando retorna, traz consigo uma espingarda de calibre 12. A visão da arma robusta e imponente faz meu coração acelerar. Sei que essas espingardas têm um coice forte e preciso estar preparada.

— Vamos ver como você se sai com essa. — Ele me entrega a arma, e o peso dela em minhas mãos é um lembrete do quanto preciso estar no controle. A responsabilidade que ela carrega é tangível. Dante não me permite hesitação.

— Segure firme. — Sua voz baixa é um comando disfarçado de conselho. — Mantenha os pés bem plantados. O coice vai te empurrar, mas você aguenta. — Ele se posiciona atrás de mim, tão próximo que posso sentir o calor de seu corpo. Sua mão pousa levemente na minha cintura, e essa conexão me dá uma segurança inesperada.

Respiro fundo, ajusto minha postura e concentro toda a atenção no alvo à minha frente. Sei que ele está observando cada detalhe. O peso da espingarda e o poder que ela representa combinam-se com a presença dele tão perto. Há uma tensão crescente entre nós, que não tem a ver apenas com o treinamento.

— Respire fundo — ele diz, sua voz baixa e próxima ao meu ouvido. Suas mãos firmes tocam meus ombros, um toque que carrega força e comando.

Minha respiração se estabiliza, e eu puxo o gatilho. O estrondo do disparo ecoa pelo espaço, seguido pela força do coice, que me empurra para trás, direto contra o peito forte de Dante. Suas mãos me seguram com firmeza, mantendo-me estável. O cheiro de pólvora invade o ar, misturado à adrenalina que percorre meu corpo. Olho para o alvo e vejo que acertei em cheio.

— Excelente. — Ele murmura, e a aprovação em sua voz é uma sensação quase tangível. Ele se aproxima ainda mais, suas mãos roçando meu braço de forma casual, mas com um peso que eu não posso ignorar. — Está progredindo rápido.

O calor que sinto de sua proximidade mistura-se à intensidade do momento. Há algo na maneira como ele me observa, como molda cada parte do meu treino, que me faz sentir que estou sendo forjada em algo mais forte, mais perigoso.

Dante dá um leve sorriso, um gesto raro, e tira a espingarda das minhas mãos, seus dedos roçando os meus de forma intencional. Ele sabe o efeito que provoca, e usa isso como uma ferramenta.

— Isso é só o começo — ele diz, a voz firme, quase um aviso.

O comando é claro, e sem questionar, volto à posição. O treino continua, mas a tensão entre nós cresce a cada momento.

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Queridos leitores,

FINALMENTE, O ENCONTRO DE DANTE E CHIARA VAI ACONTECER.

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Beijos.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora