CINQUENTA E SETE - DANTE

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Sofia chega pontualmente às nove, como mandei. A porta da minha casa se abre para ela, e ali está, a pequena devassa, vestida para me agradar e, certamente, para provocar. Ela desce do carro com um ar de superioridade e desejo, mas seus olhos entregam sua ansiedade.

— Está pronta? — Pergunto, sem rodeios, enquanto a conduzo pela casa.

Ela assente, o rosto corado pela antecipação. Antes de levá-la ao meu quarto, faço questão de passar pelo quarto da mulher. Abro a porta com cuidado, verificando se está tudo bem. Ela está lá, adormecida, o rosto sereno, uma calmaria rara em meio ao caos que sua vida se tornou.

Sofia observa tudo em silêncio, mas posso sentir a tensão crescendo em seu corpo. Ela está à beira de uma explosão. Sem dar mais atenção ao que está à minha frente, fecho a porta com firmeza e guio Sofia até minha suíte.

Assim que entramos, o silêncio tenso se desfaz em uma tempestade.

— Quem é ela, Dante? — A voz de Sofia transborda ciúmes, quase à beira do desespero.

— Não é da sua conta — respondo, friamente, com uma calma que só aumenta sua frustração. — Você está aqui para mim. Ela não tem nada a ver com você.

— Nada a ver? — Ela ri, mas é um riso amargo, quase histérico. — Você se importa com ela, eu vi nos seus olhos! Isso... isso não é só... — Ela hesita, sem saber como terminar a frase.

Eu me aproximo, sem pressa, minha presença dominando o espaço entre nós. Seguro seu queixo com firmeza, fazendo com que ela me olhe diretamente nos olhos.

— Você está aqui porque eu permito, Sofia. — Minha voz é um sussurro afiado, carregado de autoridade. — Não me faça perder a paciência com seus joguinhos de ciúmes.

Ela treme sob meu toque, mas seus olhos brilham com uma mistura de desejo e raiva.

— Eu quero ser a única, Dante... — ela sussurra, sua voz agora cheia de necessidade.

— E será — murmuro, aproximando meus lábios de seu ouvido. — No que importa, você será. Mas saiba o seu lugar.

Meu corpo se move contra o dela, minha mão escorregando por sua cintura, prendendo-a contra mim. O ciúme que a consumia antes é rapidamente substituído por algo mais primal, e o controle que exerço sobre ela se fortalece.

— Agora, venha aqui — digo. — Vamos esquecer essas besteiras e focar no que você veio fazer.

Ela hesita, parada a poucos metros de mim, seu corpo ainda rígido com o peso das emoções que a dominam. Seus olhos brilham de raiva e incerteza, mas há algo mais profundo por trás daquela fachada. Eu cruzo os braços, a encaro com frieza calculada, mantendo o controle absoluto da situação. Ela precisa entender seu lugar e o que realmente espero desse arranjo.

— Chega de drama, Sofia — minha voz sai firme, cortante como uma lâmina. — Preciso deixar claro os termos do nosso acordo, para que não haja mal-entendidos. Isto não é um conto de fadas, não somos heróis de uma história romântica. Nosso casamento é de conveniência, e você sabe disso desde o início.

Ela engole em seco, os olhos se arregalando, mas não digo nada sobre o seu desconforto. Eu continuo, implacável.

— Você me dará herdeiros — afirmo, cada palavra carregada de propósito. — Eu lhe darei o meu nome e a proteção que vem com ele. Isso é o que importa. É assim que as coisas funcionam. Se conseguir me agradar tanto quanto sua irmã, Mariela, conseguiu, terá algo a mais: a minha fidelidade após o casamento. Mas não confunda isso com amor. Amor não faz parte do nosso acordo.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora