Olhando pelas grades da janela do quarto, a sensação de sufocamento cresce dentro de mim. O ar, embora fresco, parece não alcançar meus pulmões com a liberdade que desejo. A visão do mundo lá fora, tão próximo e ao mesmo tempo inalcançável, é um lembrete cruel da prisão em que me encontro. Preciso fugir. Não é mais uma questão de desejo, é uma necessidade urgente, vital. Se eu não escapar logo, sei que a sanidade vai me abandonar.
Os dias se arrastam como correntes pesadas, cada segundo uma tortura psicológica que vai me desgastando. A rotina, que antes me oferecia um mínimo de conforto, agora parece uma jaula dourada, me prendendo em uma realidade que nunca pedi para viver. Cada movimento meu é observado, cada palavra que digo, cada gesto que faço, tudo cuidadosamente monitorado. Não há privacidade, não há espaço para respirar.
Minha mente trabalha incansavelmente, formulando planos de fuga que parecem se desfazer no momento em que tento colocá-los em prática. As grades na janela são o lembrete constante de que qualquer tentativa será difícil, quase impossível. Mas desistir não é uma opção. Preciso encontrar uma brecha, uma falha nesse sistema aparentemente impenetrável que me cerca.
O peso do que vivi aqui, das humilhações e da dor, me motiva a continuar tentando, a não ceder ao desespero que ameaça me consumir. A cada dia que passa, a urgência aumenta. Não posso mais adiar. A voz dentro da minha cabeça, aquela que sempre me empurrou para frente, grita que agora é a hora. Preciso ser inteligente, precisa ser rápido, precisa ser definitiva.
Lá fora, o céu começa a mudar de cor, anunciando a chegada da noite. As sombras se alongam, e com elas vem a escuridão que, de certa forma, me conforta. Na escuridão, há anonimato, e talvez, apenas talvez, haja uma chance. Uma chance de desaparecer sem deixar rastro, de escapar desse inferno que ameaça consumir o pouco que resta de mim.
Meus pensamentos se fixam no plano, nos detalhes que preciso acertar. Cada movimento precisa ser calculado, cada passo precisa ser silencioso. Não posso errar. Não posso hesitar. Não posso me permitir mais um segundo de fraqueza.
Enquanto o sol se põe e a noite se instala, uma nova determinação toma conta de mim. Vou fugir. Vou encontrar uma maneira, custe o que custar. Porque se eu não fizer isso, se eu continuar aqui, sei que não haverá volta. A sanidade é um fio tênue, e estou a um passo de perdê-lo. E isso, não posso permitir.
As grades da janela me encararam de volta, como se desafiando minha determinação. Mas estou pronta para o desafio. Preciso ser. Porque a alternativa é a loucura, e essa é uma batalha que não posso, não vou, perder.
A cada dia que passa, a máscara que uso se torna mais pesada, quase insuportável. Fingir estar apaixonada por Dário é um tormento constante, uma tortura psicológica que corrói minha alma. Mas, ao mesmo tempo, é a única coisa que me mantém viva, a única estratégia que me restou para sobreviver nesse inferno. A decisão é tomada em um momento de desespero: se já estou fingindo, então vou fingir ainda mais. Vou me afundar nessa mentira até que se torne a minha verdade aparente, até que ele acredite cegamente no amor que jamais existiu.
Quando o segurança chega com a comida, minha mente já está tramando o próximo movimento. A fome grita dentro de mim, mas a vontade de escapar é mais forte. Com os olhos marejados de lágrimas que forço a aparecer, imploro para que ele ligue para Dário. Tento soar desesperada, mostrando uma necessidade urgente de ouvir sua voz, como se minha vida dependesse disso. O olhar de desconfiança no rosto do homem me diz que ele não cedeu. Mas isso não me detém. Se ele não vai fazer o que peço, então vou forçá-lo a isso.
Recuso a comida com um aceno de cabeça, ignorando o ronco do meu estômago. A fome agora é minha aliada, um instrumento de manipulação. Passam-se horas, talvez um dia inteiro, e a fraqueza começa a se instalar. O segurança retorna, insistindo para que eu coma, mas minha determinação é mais forte. Finjo desmaiar, deixando meu corpo cair no chão de forma teatral, com a respiração superficial, os olhos fechados, como se estivesse prestes a sucumbir.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Resgatada pelo mafioso - Livro Um
RomanceEsse é um romance dark com abuso físico e verbal explícitos. Se esses assuntos são gatilhos para você, a leitura não é recomendada. Chiara Valentini é arrastada para o submundo implacável da máfia aos dezessete anos, quando seu próprio pai a entreg...