Resgatada pelo mafioso - Livro Um

SETENTA E QUATRO - CHIARA

Dante dá mais um passo, a lanterna do celular agora iluminando meu rosto, e posso ver que ele também está lutando contra algo.

Eu o encaro, o diário ainda apertado em minhas mãos trêmulas. Meu corpo inteiro vibra com a adrenalina, o alívio e o desejo confuso. Sei que há muito mais aqui do que a simples recuperação do diário. E, naquele momento, percebo que estamos prestes a cruzar uma linha que não poderemos desfazer.

Dante folheia as páginas com uma intensidade crescente, seus olhos passando rapidamente pelas anotações, absorvendo cada detalhe como se sua vida dependesse disso. Cada palavra escrita ali é uma arma, um golpe certeiro contra os Fiore. Vejo seu rosto endurecer conforme ele mergulha mais fundo nas informações, mas há algo mais. Um brilho nos olhos dele, uma faísca que o deixa diferente. Ele está satisfeito. Não, mais do que isso, está radiante com o que encontrou.

— Chiara — ele diz, sua voz rouca e baixa, quase como um sussurro que mal consegue conter. — Essas informações... Eu poderia te beijar agora mesmo por isso.

O ar entre nós parece congelar e queimar ao mesmo tempo. A tensão que já vinha crescendo ao longo de tantas semanas de proximidade agora é palpável, quase tangível, e o simples som daquelas palavras me atinge como um choque. Sinto um arrepio percorrer minha espinha, e por um segundo, apenas o observo, absorvendo o impacto do que ele acabou de dizer.

Não penso duas vezes. Deixo que as palavras escapem dos meus lábios antes que a lógica possa me impedir.

— Você pode me beijar quando quiser.

Dante me encara, os olhos brilhando com algo primitivo, algo que está ali, fervendo, há muito mais tempo do que qualquer um de nós está disposto a admitir. Ele não recua, e, porra, eu não quero que ele recue. Meu coração bate acelerado, e o silêncio entre nós é preenchido apenas pelas batidas ansiosas de expectativa.

Ele se aproxima, um passo lento e calculado, seus olhos fixos nos meus como se estivesse me estudando, me avaliando. Minhas pernas estão bambas, e cada célula do meu corpo está em alerta, ansiosa pelo que pode acontecer. A intensidade do desejo é sufocante, esmagadora, mas não há como voltar atrás agora.

Seus dedos tocam meu rosto, a palma da mão áspera contrastando com a suavidade da minha pele. Eu não me movo, não me afasto. Pelo contrário, meu corpo todo responde àquele toque, inclinando-se sutilmente em sua direção, como se estivesse implorando por mais.

— Tem certeza? — ele pergunta, sua voz baixa e cheia de algo que faz meu estômago revirar de desejo.

Não respondo com palavras. Ao invés disso, meus olhos encontram os dele, e a mensagem é clara. Sim. Mais do que nunca.

Dante não hesita. Sua mão segura minha nuca, puxando-me para ele com firmeza, e antes que eu possa sequer processar o que está acontecendo, seus lábios encontram os meus. O beijo é intenso, feroz, como se ele estivesse esperando por isso há muito tempo — e, porra, talvez estivesse.

Meu corpo responde imediatamente. Minhas mãos deslizam até seu peito, sentindo os músculos firmes sob a camisa. Há uma urgência nos movimentos dele, uma necessidade crua que me faz perder o fôlego. O gosto dele é viciante, e eu me entrego completamente, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, como se o único propósito de minha existência fosse aquele momento.

Ele me puxa ainda mais para perto, o beijo se tornando mais profundo, mais intenso. Nossas línguas se encontram, e o calor que corre pelo meu corpo é quase insuportável. Dante sempre foi perigoso, sempre foi uma força da natureza, mas agora... agora ele é fogo, e eu estou pronta para me queimar.

Quando ele finalmente se afasta, nossos rostos ainda estão próximos, nossas respirações descompassadas e misturadas no ar frio da noite. Seus olhos queimam com desejo, e eu sei que os meus refletem a mesma coisa. Nada mais importa agora. Não há mais barreiras, nem dúvidas. O que quer que aconteça a partir deste momento, já está decidido.