OITENTA E TRÊS - CHIARA

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Ele me observa por um instante, como se estivesse tentando entender a profundidade das minhas palavras. Não há espaço para dúvidas. Eu sabia onde estava me metendo desde o começo. Sempre soube que a vida ao lado de Dante seria cheia de riscos, mas não consigo imaginar outra vida agora.

— Você não entende o que está em jogo — ele insiste, a mandíbula travada, como se estivesse lutando consigo mesmo. — Sofia não vai aceitar essa humilhação em silêncio. A família dela vai querer respostas, e eu não posso garantir que tudo se resolva sem... sangue.

Há uma tensão no ar, um peso sobre nossos ombros, mas eu permaneço inabalável. Sorrio suavemente, deslizando minha mão pelo rosto dele, sentindo a barba áspera sob meus dedos.

— Eu não sou uma mulher que recua, e você sabe disso — minha voz é baixa, mas cheia de convicção. — Seja o que for, vamos lidar juntos. O que importa é que você tomou uma decisão. E eu estou aqui, pronta para enfrentar qualquer consequência ao seu lado.

Ele me puxa para mais perto, os lábios encontrando os meus em um beijo cheio de urgência, como se estivesse tentando me mostrar, com aquele simples gesto, todo o turbilhão de emoções que estão rodando dentro dele. É um beijo possessivo, quase feroz, e sinto o desejo dele por mim em cada segundo que nossos corpos se tocam.

Quando ele finalmente se afasta, seus olhos ainda brilham com a mesma intensidade de antes, mas agora há algo mais ali... talvez um pouco de alívio por perceber que não estou com medo. Que, na verdade, estou disposta a ir até o fim com ele, aconteça o que acontecer.

— Porra, bambina — ele murmura contra meus lábios, sua respiração quente me fazendo arrepiar. — Não sei o que fiz para merecer você, mas prometo que vamos passar por isso juntos.

Eu me viro para ele, ainda sentindo o calor do corpo dele contra o meu, e deixo escapar as palavras que venho guardando há tanto tempo. Palavras que pesam, mas que preciso dizer.

— Achei que nunca mais conseguiria deixar um homem me tocar depois de tudo que passei nas mãos de Dário — minha voz sai baixa, quase um sussurro, carregada de uma verdade crua que ainda me dói. — Mas você... você me fez repensar tudo.

Os olhos de Dante, que antes carregavam aquele peso que sempre reconheço, agora brilham de uma maneira diferente. Ele me observa em silêncio, como se cada palavra que sai dos meus lábios fosse sagrada, algo que ele nunca ousaria interromper. Suas mãos continuam pousadas na minha pele, quentes, seguras, e é isso que me faz seguir em frente, deixar tudo sair.

— Eu estava quebrada, em pedaços — continuo, as lembranças amargas de Dário invadindo minha mente, mas sem o mesmo poder de antes. — Pensei que nunca mais fosse sentir prazer, desejo, nada além de dor. Mas você... me fez perceber que ainda sou capaz de sentir. De querer. De amar.

Dante suspira, um som pesado e cheio de emoção. Ele desliza os dedos pelo meu rosto, traçando a linha do meu maxilar com uma delicadeza que contrasta com sua presença intensa. Seus olhos estão fixos nos meus, como se cada palavra que eu dissesse estivesse gravando algo profundo dentro dele.

— Bambina... — ele começa, a voz rouca de desejo e algo mais, algo que talvez seja até mais forte que isso. — Não posso mudar o que aconteceu, mas juro que nunca mais ninguém vai te machucar.

Eu me aproximo mais, colando meu corpo ao dele, sentindo a firmeza de seus músculos e a segurança que ele sempre me passa. Mesmo em meio a todo o caos, ele é o meu refúgio. O homem que, de alguma forma, me fez acreditar novamente que eu sou dona do meu próprio corpo, do meu prazer.

— Você já fez isso — murmuro, com um sorriso que mal consigo controlar. — Você me deu de volta algo que achei que Dário tinha roubado para sempre.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora