CENTO E TREZE - CHIARA

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A mansão parece respirar ao meu redor, como se ela própria fosse um monstro que devora e destrói. Mas desta vez, eu sou o predador. Ao me aproximar da masmorra onde tantas vezes fui mantida prisioneira, os sons abafados de gemidos se tornam mais claros, uma sinfonia grotesca que faz meu estômago revirar. A porta está apenas entreaberta, concedendo-me um vislumbre do horror que se desenrola lá dentro. Meu coração bate acelerado, cada pulsar ecoando com uma mistura de raiva e repulsa.

Lentamente, empurro a porta, e a cena diante de mim congela meu sangue nas veias. Lá está ele, Dário, em toda a sua repulsiva glória, entregando-se a atos obscenos enquanto observa Sofia, nua e acorrentada à parede. O arrepio de nojo que percorre minha espinha é quase palpável, mas a raiva queima mais forte, alimentando cada passo que dou em sua direção.

— Achou mesmo que eu estava morta? — Minha voz corta o silêncio, firme e carregada de desdém.

Ele gira, o rosto contorcendo-se em choque e medo ao perceber minha presença. Sua expressão é um misto de incredulidade e terror, e por um breve segundo, saboreio o doce sabor de vê-lo vulnerável.

— Impossível... — ele balbucia, as palavras se perdendo em sua garganta enquanto sua mão ainda segura o objeto de seu prazer vergonhoso.

— Não tão impossível quanto parece, não é? — digo, avançando mais para dentro da sala, minha Sauer apontada diretamente para ele. A arma parece uma extensão de mim mesma, um instrumento de justiça que espera para ser desencadeado.

Sofia olha para mim, os olhos grandes com uma mistura de medo e esperança. Aceno brevemente para ela, uma promessa silenciosa de que tudo isso está prestes a terminar.

— Parece que a mesa virou, não é mesmo? — continuo, meu tom frio e calculista. — Você, que costumava me aterrorizar, agora treme diante de mim.

Dário recua, tentando cobrir sua nudez com o que resta de sua dignidade despedaçada. Sua boca abre e fecha, procurando por palavras que se recusam a vir.

— O que... o que você quer? — ele finalmente consegue articular, a voz trêmula.

— Justiça — respondo simplesmente, cada sílaba pingando com a força da minha vontade. — E vou começar libertando-a.

Sem tirar os olhos dele, movo-me em direção a Sofia. Rapidamente desfaço as algemas que a prendem, e ela quase cai em meus braços, ainda fraca.

— Você está segura agora — digo a ela, ajudando-a a se cobrir com um lençol encontrado no chão.

Voltamos nossa atenção para Dário, que observa, paralisado pelo medo e pela incerteza. Sua figura patética seria quase digna de pena, se não fosse pelo rastro de destruição que deixou em seu caminho.

— Por favor... — ele começa, a voz suplicante. — Eu...

— Não há espaço para misericórdia aqui, Dário. Não depois de tudo que você fez. — Olho para ele, ainda chocado, o corpo tenso enquanto percebe a extensão do controle que agora tenho sobre ele. Aperto a Sauer em minha mão, o dedo firme no gatilho. — Tire a camisa e entregue a ela. Agora — ordeno, a voz baixa, mas com um tom que ele sabe que não permite discussão.

Por um instante, ele hesita, a vergonha e o medo se misturando em seu olhar. Mas sob a pressão do meu comando, ele finalmente começa a desabotoar a camisa, arrancando-a e estendendo para Sofia, os olhos desviados. Ela a pega, os dedos tremendo levemente, e a veste, envolvendo-se no tecido que agora representa sua dignidade recuperada. Sei que roubei o homem dela, que minha presença pode ter custado mais do que ela jamais vai admitir. Mas salvar sua vida, oferecer-lhe uma saída, é o mínimo que posso fazer para tentar equilibrar a balança.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora