SESSENTA E CINCO - CHIARA

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Acordo com o som da porta se abrindo e, ainda atordoada pelo sono, mal tenho tempo de reagir antes de ver Dante parado no batente, os olhos intensos fixos em mim. Sua presença preenche o quarto, e é como se o ar de repente tivesse ficado mais pesado. Ele não espera nem um segundo antes de perguntar, com aquela voz baixa e rouca que arrepia minha pele:

— Por que está fugindo de mim?

Engasgo, completamente despreparada para sua presença tão próxima. Meu olhar desce por instinto, e o que vejo me faz perder qualquer resquício de controle que eu tinha sobre o próprio corpo. Ele está vestido apenas com uma bermuda de corrida que mal disfarça a perfeição do seu físico. A pele bronzeada brilha com o suor da manhã, os músculos esculpidos, cada linha do seu corpo é mais deliciosa do que no meu sonho erótico. Dante parece uma obra de arte viva, mais irresistível e intimidante do que eu jamais poderia ter imaginado.

Meus pensamentos se embaralham. A realidade é muito mais avassaladora do que qualquer fantasia. Eu tento me recompor, mas falho miseravelmente. Meu coração dispara, as palavras travam na minha garganta. O que eu poderia dizer? Ele já deve ter notado como estou completamente desarmada diante dele. A cada segundo que passa, o silêncio parece gritar entre nós, e o calor no meu corpo só aumenta.

Dante avança alguns passos, como um predador que sabe exatamente o efeito que causa. Ele para ao lado da cama, e eu me esforço para não olhar descaradamente para o seu abdômen definido, mas meus olhos o traem. Meu rosto queima de vergonha e desejo, e ele percebe. Claro que percebe. Um sorriso malicioso curva seus lábios.

— Não vai responder? — Ele provoca, a voz arrastada, cheia de uma sensualidade perigosa.

Tento respirar fundo, mas o aroma dele preenche meus sentidos, deixando-me ainda mais desnorteada. Abro a boca para responder, mas tudo o que sai é uma desculpa fraca, quase inaudível.

— Eu... eu não estou fugindo.

Seus olhos brilham com uma intensidade predatória. Ele se inclina um pouco, aproximando o rosto do meu, até que sinto o calor da sua respiração próxima demais. A tensão entre nós é quase insuportável, e meu corpo está em chamas, cada músculo tenso, cada nervo à flor da pele.

— Não minta — ele sussurra, os lábios perigosamente próximos aos meus. — Dá pra ver nos seus olhos que está me evitando. Está com medo de mim, ou de algo que sente?

Meu corpo treme sob o peso das suas palavras. Ele está jogando comigo, explorando cada pequena fraqueza, e eu não sei como lidar com isso. A realidade é que, por mais que eu tenha me escondido, por mais que tenha tentado evitar o que estou sentindo, não posso mais negar. Meu desejo por ele é avassalador, e estar tão perto assim me deixa completamente vulnerável.

Dante me observa em silêncio, como se esperasse que eu confessasse tudo. Mas eu não consigo falar, não consigo encontrar as palavras, e ele sabe disso. Um sorriso lento se forma em seus lábios enquanto ele recua um pouco, apenas o suficiente para que eu possa respirar de novo, mas não o suficiente para quebrar a tensão entre nós.

— Quando estiver pronta para parar de fugir... — Ele começa, a voz sedutora, deixando a frase suspensa no ar. — Sabe onde me encontrar.

Ele dá mais um passo para trás, e, mesmo com o corpo desejando que ele volte, sinto um alívio momentâneo. A tensão entre nós, no entanto, permanece. Dante sai do quarto, me deixando ali, sozinha, com o coração batendo freneticamente, o corpo em chamas e a mente completamente devastada pelo desejo.

Eu me deito de volta na cama, tentando recuperar o controle, mas a imagem dele, suado, esculpido, mais real do que qualquer fantasia que já tive, fica gravada nos meus pensamentos.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora