Resgatada pelo mafioso - Livro Um

CENTO E UM - CHIARA

Ao acordar, percebo que Dante não está mais na cama. O quarto está silencioso, e o único vestígio da noite anterior é meu corpo nu, ainda marcado pela intensa paixão que nos consumiu. Espreguiço-me lentamente, sentindo cada lembrança dos momentos fervorosos que compartilhamos. Os beijos, os toques, os sussurros... tudo ainda ecoa na minha mente. Aquela noite foi avassaladora, diferente de tudo que já vivi.

Com um sorriso nos lábios, levanto-me da cama e procuro por ele pela suíte. Meu corpo ainda vibra com o desejo que ele despertou em mim, e a ausência dele só faz minha curiosidade aumentar. Caminho pelo apartamento, cada canto impregnado com a intimidade que compartilhamos. É como se nossas almas tivessem se entrelaçado de uma forma profunda, tornando impossível ignorar a conexão que agora existe entre nós.

Mas enquanto o busco, a incerteza sobre o futuro começa a se infiltrar em meus pensamentos. Estamos envolvidos em um mundo implacável, onde cada decisão pode ter consequências fatais. Ainda assim, decido me agarrar ao momento, à lembrança de uma noite que nos uniu de maneira inegável.

Sem encontrá-lo na suíte, visto a camisa dele, que está jogada sobre a cama. O tecido tem o cheiro dele, o que me faz sentir como se ele ainda estivesse por perto. Sigo para a cozinha, faminta após a intensidade da noite anterior. Enquanto preparo um café, escuto um ruído abrupto na sala de estar. Meu corpo imediatamente se enrijece, e todos os meus sentidos entram em alerta máximo.

A adrenalina corre pelas minhas veias enquanto pego minha Sauer sobre a mesa, pronta para qualquer eventualidade. A porta da frente se abre com violência, e meu coração dispara. Mantenho-me abaixada atrás da mesa da cozinha, cada músculo preparado para reagir ao menor sinal de perigo. A tensão no ar é palpável, e o silêncio se torna insuportável. Estou pronta para lutar, para proteger o que for necessário.

O som de passos se aproxima no corredor, e meu coração bate tão forte que parece ecoar pela sala. Minha respiração está controlada, mas sinto o peso do medo pairando sobre mim. Quando finalmente vejo um vulto entrando na cozinha, meu treinamento toma o controle, e estou prestes a agir. Mas, então, o vulto se materializa e reconheço Dante. Um alívio imenso me invade, e a tensão que tinha se acumulado começa a se dissipar.

Dante me olha, a seriedade em seu rosto suaviza quando vê a arma em minhas mãos. Ele se aproxima com cautela, levantando as mãos em um gesto pacificador. Solto um suspiro profundo e coloco a Sauer de volta na mesa, levantando-me lentamente, ainda me recuperando do susto.

— Desculpa pelo susto, bambina — ele murmura, a preocupação evidente na sua voz. — Fui até a casa de Sofia... rompi o noivado.

Assinto, ainda tentando controlar minha respiração acelerada. A lembrança de como o mundo ao nosso redor é perigoso volta com força total. Mas a presença de Dante me tranquiliza, como sempre faz. Ele se aproxima, e nossos olhares se encontram com uma intensidade que me faz estremecer. Ele coloca a mão no meu rosto, acariciando-me com uma ternura que dissolve qualquer resquício de medo.

— Está tudo bem? — ele pergunta, sua voz baixa e cheia de preocupação.

Assinto de novo, incapaz de formar palavras. Mas Dante entende. O olhar que ele me lança diz tudo. Ele sabe que estou bem, que estar ao lado dele é o que me mantém firme, mesmo quando o mundo ao nosso redor parece desmoronar.

Ele continua me acariciando com suavidade, seus toques tranquilizadores, e eu me deixo afundar em seus braços, sentindo-me protegida. Depois de alguns minutos, Dante me solta suavemente e vai até a cafeteira. Sirvo-me de uma xícara de café, ainda sentindo o calor de sua presença. Ele volta e me entrega a xícara.

— Toma isso, bambina — ele diz, um pequeno sorriso brincando em seus lábios.

Aceito com um sorriso fraco e levo a xícara aos lábios, inspirando o aroma reconfortante do café. O líquido quente escorrega pela minha garganta, acalmando meus nervos. Olho para Dante, que agora está sentado à minha frente, sua expressão mais tranquila. Mesmo assim, há algo nos olhos dele que me faz sentir a gravidade do momento.