SETENTA E NOVE - CHIARA

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A atmosfera na casa de Giacomo é carregada de tensão e poder. O tipo de energia que só existe quando homens perigosos, acostumados a controlar vidas e destinos, se encontram no mesmo espaço. Sigo ao lado de Dante, os olhos atentos, absorvendo cada detalhe, cada gesto. Seus seguranças nos cercam, formando uma barreira quase invisível de proteção. O lugar exala riqueza e poder, mas não de uma forma ostensiva. É algo sutil, porém palpável, como se o perigo estivesse enraizado nos detalhes, nos olhares trocados, nas palavras que ainda não foram ditas.

Três homens estão no centro da sala, suas presenças dominando o espaço. Dante para ao meu lado, sua mão pousa levemente na minha cintura por um instante antes de me soltar. Ele faz uma breve apresentação, o olhar sombrio e intenso.

— Giacomo, consigliere da família Giordano e futuro Don — diz ele, os olhos penetrantes fixos no homem mais imponente do grupo. Giacomo tem uma aura de autoridade inegável, os ombros largos, a postura de alguém que não pede nada, apenas toma. Ele está sentado de forma casual, mas seus olhos são frios e calculistas, observando cada movimento com precisão. — Ao lado dele estão seus irmãos, Vicenzo e Matteo — continua Dante, gesticulando em direção aos dois homens que permanecem em pé. — Capos da família.

Vicenzo é o tipo de homem que se move com uma confiança predatória, os olhos escuros avaliando o ambiente com uma calma que beira a letargia. Matteo, mais jovem e vigoroso, exibe um sorriso perigoso, mas seus olhos não têm humor. Há algo de feroz nele, algo que faz minha pele formigar de alerta. Ele parece ser o mais impulsivo dos três, o tipo que se atira no perigo sem hesitar.

— Vejo que trouxe companhia, Dante — diz Giacomo, a voz rouca e carregada de uma curiosidade velada. Seu olhar se desvia rapidamente para mim antes de voltar para Dante. Há uma sugestão de algo mais nas entrelinhas, algo que me faz apertar os punhos levemente ao meu lado.

Dante não perde a compostura, mantendo o mesmo tom implacável e controlado que sempre tem quando está no comando.

— Chiara está comigo — responde ele, sem desviar o olhar. Há algo definitivo nas palavras dele, uma afirmação que não admite questionamentos.

Giacomo ergue uma sobrancelha, o leve traço de um sorriso arrogante em seus lábios, mas não diz nada além disso. O silêncio que se segue é preenchido pela tensão crescente entre os homens na sala. Sinto os olhares de Matteo e Vicenzo me avaliando, como se quisessem descobrir o que exatamente eu represento ali, ao lado de Dante. Mas eu não desvio o olhar. Fico firme, segurando o peso dessa presença que começa a crescer dentro de mim.

— Sente-se, Dante — diz Giacomo finalmente, apontando para uma das poltronas de couro dispostas ao redor de uma mesa baixa. — Temos muito a discutir esta noite.

Dante se move com uma confiança tranquila, um predador que sabe que a sala inteira já é sua, mesmo que ainda não tenha feito o movimento final. Ele se senta, e eu o sigo, permanecendo ao seu lado como uma sombra, observando. O brilho suave das luzes reflete no vidro da mesa, o som sutil de gelo contra o copo de uísque sendo servido por um dos criados. O aroma de tabaco e álcool preenche o ambiente, uma mistura de prazeres proibidos que se torna quase intoxicante.

— A situação com os Fiore está se intensificando — começa Giacomo, sua voz fria cortando o ar como uma lâmina. — Precisamos garantir que o nosso lado esteja preparado para o que está por vir.

Dante ouve com atenção, os dedos batendo suavemente no braço da poltrona, os olhos fixos em Giacomo. Há algo de implacável no jeito como ele observa, como se cada palavra dita estivesse sendo medida, pesando nas suas próximas ações. Ele sabe que, a qualquer momento, um deslize pode significar uma guerra. Mas Dante sempre foi cuidadoso. Ele sabe jogar esse jogo de poder melhor do que ninguém.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora