CINQUENTA E CINCO - DANTE

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O ambiente ao meu redor é um misto de fumaça, luxúria e poder. O charuto arde entre meus dedos, exalando aquele aroma familiar que sempre me acalma. A sensação quente da boca da prostituta ao redor do meu pau é um alívio momentâneo, uma distração necessária das realidades cruéis que me cercam. Lorenzo e Ettore estão ao meu lado, igualmente imersos nas suas próprias formas de escapismo. Aqui, na Dominandi, o mundo lá fora parece distante, quase irreal.

O telefone vibra no meu bolso, interrompendo a calmaria. Atendo sem tirar o charuto dos lábios, sem interromper a cadência da mulher que se move entre minhas pernas. A voz do outro lado da linha é fria, urgente, carregada de uma tensão que corta o ar.

— Pegaram Massimo.

As palavras me atingem como um soco no estômago. A realidade volta a se impor com uma força brutal. Sinto o sangue ferver, um misto de raiva e medo percorrendo minhas veias. Massimo, o caçula, o protegido, está nas mãos dos Fiore. Porra, tudo o que me esforcei para proteger, tudo o que fiz para mantê-lo seguro, agora está em risco.

— Onde ele está? — Minha voz sai como um rosnado, a calma desaparecendo instantaneamente. A mulher entre minhas pernas para por um instante, percebendo a mudança, mas um olhar meu a faz retomar o que estava fazendo, como se o ritmo mecânico de seu movimento pudesse ajudar a conter a tempestade dentro de mim.

A resposta do outro lado da linha não é clara o suficiente para satisfazer minha urgência, mas as informações que recebo são o suficiente para saber que o tempo está contra nós. Os Fiore não são conhecidos pela paciência, e se Massimo estiver mesmo em suas mãos, não temos muito tempo antes que o pior aconteça.

Lorenzo e Ettore me observam em silêncio, suas próprias distrações esquecidas. Eles sabem tão bem quanto eu o que essa ligação significa. A Dominandi, com toda sua decadência e indulgência, já não oferece nenhum alívio. O ar pesado de luxúria se transforma em algo denso, sufocante, enquanto a realidade se impõe com uma clareza brutal.

— Vamos. — Ordeno, apagando o charuto no cinzeiro com força. Não há mais tempo para jogos, não há mais tempo para indulgências. A prostituta é afastada de mim sem cerimônia, e o telefone ainda está em minha mão, quente como se refletisse o calor da raiva que arde dentro de mim.

Enquanto me levanto, o peso da responsabilidade recai sobre meus ombros. Massimo precisa ser resgatado, e não há margem para erros. A noite, que começou como uma fuga, agora se transforma em uma missão de vida ou morte. Os Fiore cruzaram uma linha que jamais deveriam ter cruzado, e eu vou garantir que paguem caro por isso.

As luzes da Dominandi desaparecem rapidamente ao fundo enquanto saímos, a urgência em nossos passos evidente. A luxúria que impregnava o ar agora é substituída por um desejo diferente, um desejo de vingança, de sangue. Nada mais importa além de trazer nosso irmão de volta e garantir que os Fiore entendam a gravidade de mexer com a família Caputo.

A guerra não é mais uma possibilidade distante. Ela já começou.

A noite está fria e silenciosa, mas dentro de mim, há uma tempestade prestes a explodir. O motor do carro ronca suave enquanto nos aproximamos da velha mansão que os Fiore transformaram em um covil de horrores. Não há lugar para hesitação, não há espaço para piedade. O sangue dos meus homens está quente, os olhos deles refletem o brilho feroz de uma fúria coletiva. Sabemos o que está em jogo.

As portas são arrombadas com uma violência calculada. O som é abafado pelos silenciadores, mas a mensagem é clara: viemos para levar de volta o que é nosso e não deixaremos ninguém vivo para contar a história. A mansão é um labirinto de corredores escuros, mas seguimos como predadores em busca de suas presas. Cada passo é preciso, cada movimento é letal.

Resgatada pelo mafioso - Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora