𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈. - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜

15.

Lara.

Semanas depois.

Hoje era dia de baile. Eu gostava disso.

Eu e Fernanda nos aproximamos muito. Minha mãe adorou ela.

Era estranho né, primeira amizade assim. Tenho até medo, ligeira até debaixo d'água.

Nanda: meu Deus... - entrou no meu quarto. - você ainda tá assim? - me analisou. - A não, Lara.

Eu: tô afim de ir não. - choraminguei.

Nanda: ah, mas você vai sim, rapariga. - veio até mim e me puxou. - ficou sabendo que o KN tá com uma menina aqui? - ergui a sobrancelha, encarando ela.

Eu: Oi? - falei curiosa.

Nanda: você não saiu hoje? - neguei. E ela bufou. - daqui a pouco você tá com cheiro de mofo.

Eu: fala logo, Fernanda. - falei impaciente. - quem é?

Nanda: não sei. - riu, dando de ombros. - parece que é da pista. Chega fede a enjoou.

Eu: vagabundo. - falei baixinho.

Nanda: que? - eu neguei. - vamos se arrumar logo, quero dá uns beijinhos hoje.

Eu ri, mas por dentro tava cheia de ódio.

Não que ele me deva algo... Não deve mesmo. Depois que chegamos na favela, nunca mais trocamos uma palavra. O que me deixava mais puta ainda.

Como assim o cara passa 3 dias comigo, me beija, quase me come e finge que nada aconteceu?

Neguei, fazendo careta e caindo em si no que eu tava pensando. Tá emocionada filha? Compra um cachorro.

Respirei fundo e me levantei, fazendo Nanda assustar.

Nanda: tá doida? - fez careta.

Eu: quero ficar linda hoje. - falei me animando.

Nanda: oi? e é possível? - olhei pra ela. - amiga, você é o significado de perfeição, me deixa quieta.

Eu: você sempre elevando meu ego. - gargalhei.

Fui até meu guarda roupa e peguei uma roupa.

Já tinha tomado banho, o problema foi a preguiça mesmo. Quando vi minha caminha, me joguei nela e foi ladeira abaixo.

Vesti minha roupa, pranchei meu cabelo, fiz uma make.

Passei desodorante, creme hidratante e perfume. Coloquei meu Rolex, uma correntinha com meu nome e me olhei no espelho. Gata.

Tirei uma foto e já fui logo postando no Instagram. Hoje eu queria comentários, falação e tudo que fosse bom.

[..]

Nanda: olha, não arruma confusão hoje. - me olhou, segurando meu braço.

Eu: porque eu faria isso? - segurei o riso.

Nanda: amiga. - me repreendeu e eu dei de ombros.

Eu: fica tranquila, Nanda. É parceira ou não é? - beberiquei meu uísque.

Nanda: eu tenho medo dessas coisas. - falou me olhando.

Eu: misericórdia. - ri fraco.

Puxei ela pro camarote.

Fui subindo devagar, enquanto ela ia na frente.

Xxx: nossa, mas até parece que é a princesinha do morro pra tá nessa enrolação do caramba. - a voz de piranha ecoou. Olhei pra trás, tentando ver quem era.

Ergui a sobrancelha tentando enxergar, já que a luz bateu em mim na mesma hora.

Nanda: vamo Lara. - me puxou.

Eu: calma cara, eu tava tentando ver uma pessoa. - ela me olhou desconfiada. Ri negando e subi com ela.

Nem fiquei muito próxima dos meus pais, queria ver quem era a peça que tava falando merda. E bingo.

Logo atrás de mim tinha uma menina, com a mesma voz. Ergui a sobrancelha e olhei pra ver.

Baixinha, cabelo grande e ralo, tinha um ar de superior. Ela conversava com alguém, firmei as vistas e vi KN.

O sangue ferveu, vagabundo.

Xxx: tá olhando o que? - olhei pra mesma, que audaciosa.

Eu: tá falando comigo? - falei animada.

Xxx: com quem mais seria? Parece que perdeu alguma coisa aqui. - colocou a mão na cintura, e eu ri negando.

KN: para cara, tu nem sabe com quem tá mexendo. - puxou a menina.

Xxx: uai amor. - se soltou me olhando, e eu neguei. - quero saber qual é a dela ué, posso não?

KN: fica arrumando pra cabeça, vou tirar tu de b.o não. - falou sério, apontando dedo pra ela.

Xxx: até parece que é parente alta aqui. - ergui a sobrancelha.

Eu: tu falou a merma coisa na escada. - ela me olhou. - tem certeza que não quer saber quem eu sou? - segurei o riso, vendo ela me olhar confusa.

Índio: aí Lara. - ela arregalou os olhos.

Xxx: tu é mulher dele? - falou assustada. - meu Deus, desculpa.

Eu: não mô, sou mulher dele não. - ela me olhou confusa. - um pouquinho mais e tu acerta.

KN: aí Victoria, já deu... - puxou ela.