27.

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Ágata.

Acordei do jeitinho que o diabo queria, doida pra fazer o escarcéu.

Primeiro eu tentei uma conversa civilizada, dentro do quarto.

Mas foi só eu mostrar a primeira foto, fui tirada de doida.

Pra quê né?

Foi a deixa pra eu fazer o meu circo.

Fugitiva do caps foi localizada.

Eu falando e ele se fazendo de besta. Aí não, num tira onda comigo não.

Eu: um cara de 44 anos na cara se achando o bad boy. - encarei ele, rindo e negando. - cara, eu não acredito nisso não. - passei a mão no rosto, sentindo minha mão tremendo.

Vargas: para com isso, Ágata. Eu posso explicar.. - olhei pro cara a minha frente, não tinha um pingo de vergonha na cara.

Eu: TU VAI EXPLICAR O QUE, RENAN? NÃO TEM NEM O QUE EXPLICAR. - gritei e o mesmo passou a mão no cavanhaque. - olha bem na minha cara... O que tava te faltando? Amor? Carinho? Ou falta de vergonha na cara? - ele me olhou, nervoso. - você sabe muito bem, que nunca te faltou nada. O que te faltou foi caráter. - apontei pra ele. - você nem sequer pensou nas nossas vivências. Nos bagulho que eu tive que passar por você. Tudo por causa de quê? - encarei ele. - por causa de buceta.

Vargas: fui errado pô, mas... - interrompi ele.

Eu: não quero saber. - sacudi os ombros. - nada mais interessa. Você estragou tudo.

Vargas: Ágata, para. - me segurou, totalmente abalado. - não me larga, eu posso mudar tudo.

Eu: mudar o que, cara? - olhei pra ele, sentindo meu coração pequenininho. - você tem noção do estrago que você causou? Eu não quero mais nada com você. Eu quero sumir, não quero saber de você.

Vargas: por tudo que é mais sagrado... - ele se ajoelhou na minha frente e eu encarei.

Se eu não o conhecesse, até acreditaria na ceninha... Respirei fundo e neguei.

Peguei minha mala e desci igual furacão, enquanto todos que estavam ali, tentava falar comigo.

Não, eu não queria conversar.

Eu queria respirar. Pôr minha cabeça no lugar. Pensar em tudo o que tava acontecendo. Aprendizado.

[..]

Tomei um banho quente, parecia que todos os meus problemas tinha sumido com a água, mas assim que sai enrolada na toalha, voltei a realidade.

Vi Lara deitada na cama, mexendo no celular.

Assim que ela me viu, abriu um sorriso amarelo.

Eu: para, ninguém morreu. - fiz careta.

Lara: tá bem? - parei por uns minutos, pensando naquela pergunta. Respirei fundo e sorri de lado.

Eu: vou ficar. - ela me olhou, concordando.

Lara: vão separar mesmo? Assim, as vezes pode ser algum tipo de montagem. Não sei. - ri fraco.

Eu: então quem fez isso, é muito foda. - vesti minha roupa. - surreal como tá verdadeiro.

Lara: aí mãe... - resmungou. - tantos anos pra terminar assim?

Eu: olha pra mim. - apontei pra mim mesma. - você tem certeza que tá querendo me colocar como errada? - ergui a sobrancelha e ela negou. - Ata.

Lara: eu não tô falando isso. - rebateu. - mas nem uma conversinha ? De cabeça fria.

Eu: não, Lara. - falou seria. - não quero conversar. Não quero voltar. Não vou voltar. Não vou passar por tudo novamente. - ela ficou calada. - Só eu sei o que passei nas mãos do teu pai. Não sou palhaça dele, e de ninguém. Tenho é 40 anos. Sei meus princípios e meus valores.

Lara: tá bom, não tá aqui quem falou algo. - fez o sinal de rendição e eu bufei.

Eu: vai ficar lá ou vai querer ficar aqui? - mudei de assunto.

Lara: nos dois. - concordei. - até porque, não tem como eu me divorciar do meu pai né? - riu fraco.

Eu: até melhor, e graças a Deus vocês já são adultos... - peguei a escova e comecei a pentear meu cabelo. - imagina o inferno que ia ser com vocês pequenos? Aff.

Lara: mas a senhora conhece o Vargas né? - ergui a sobrancelha. - vamos ser sinceras né? Meu pai não é flor que se cheire. E ainda não caiu a ficha dele... Quando cair, RJ fica pequeno.

Eu: vou viver o hoje... - ela riu. - quero saber do teu pai enchendo meu saco não.

Eu não vou mentir. Tava doendo. Mas tem que doer como nunca, pra gente se reerguer mais forte que antes.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora