64.

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Lara.

Os dias se passaram arrastando.

Uma merda e eu, era a mesma coisa.

Arrasada, chateada, passada pra trás.

Uma hora o sofrimento passa.

O mais revoltante foi eu ter confiado na palavra de uma pessoa, na qual eu já sabia como era.

Isso é o mais dolorido.

Acreditar em falsas juras de "amor", ou será que já havia algum sinal? Vai saber.

Ágata: você tem que sair desse quarto. - apareceu na porta.

Eu: estou bem. - forcei um sorriso.

Ágata: seu pai já quer matar o menino, e você nem sai do quarto. - dei de ombros. - Lara...

Eu: mãe, que mate... - fiz careta. - eu não quero sair, estou curtindo meu luto.

Ágata: e eu não vou deixar. - olhei pra ela. - não vou deixar você aí, porque enquanto você tá aí se definhando, ele continua vivendo.

Eu: e? - franzi o cenho e ela negou.

Ágata: levanta dessa merda. - olhei irônica pra ele. - AGORA, LARA. - falou alterada e eu resmunguei. - vai tomar teu banho, vamos no salão.

Eu: a não, mãe. - bufei.

Ágata: vou fingir que não estou vendo isso. - virou, saindo dali.

Respirei fundo e passei a mão no rosto.

Só sendo assim pra eu sair dessa casa. Pra eu correr o risco de ver a cara daquele indivíduo.

O ódio acumulado no meu peito, não tem explicação.

Isso que dá ser bonzinho, cair na lábia de pilantra. Se eu tivesse sido a pilantra, nada disso estaria acontecendo.

Tomei meu banho, fiz minhas higienes e sai enrolada na toalha, dando de cara com índio na minha cama.

Eu: sai daqui, praga ruim. - reclamei.

Índio: pelo menos tomou banho e não tá cheirando a mofo. - me olhou, zombando.

Eu: veio aqui cantar vitória? - cruzei os braços, encarando ele.

O mesmo me olhou confuso e sentou na cama, fazendo cara de cansado.

Índio: não faço essas coisas. - deu de ombros. - avisei né? Mas também não vou ficar jogando na cara, vida que segue.

Eu: e o que você quer? - olhei pro mesmo desconfiada.

Índio: que você xaveque o pai na Audi dele. - disse simples e eu ri, negando. - pô Lara, quebra esse galho pro teu irmão favorito.

Eu: aí tu exagerou. - ele resmungou. - Sai daqui índio, quero me trocar.

Índio: só essa Lara. - implorou.

Eu: vou pensar, agora vaza. - apontei pra porta.

[..]

Tínhamos vindo em um salão caríssimo no shopping. Mamãe sempre foi exagerada. Ainda mais em casos como esse.

Tio Eric veio junto, Nanda também.

Ele falava alguma baboseira na qual tirava gargalhadas de Nanda. Dois bestas.

Eric: pelo menos largou aquele projetinho de gente... - olhei pro mesmo, e minha mãe negou. - é bonito, mais num vale nada, credo em cruz.

Ágata: não fala assim. - suspirou.

Eu: não é legal falar assim, ele é filho da amiga de vocês. - minha mãe concordou e tio Eric fez cara de deboche. - tu para viu, mona... Feio esses coisas!

Eric: e a mona, já deu uma surra? - se referiu a Victória e eu neguei.

Nanda: Não sabia que salão desse patamar aceitava puta. - falou do nada e eu olhei pra ela, que tava vidrada na entrada no salão.

Olhei em direção e vi a dita cuja adentrando.

Eu: era só o que me faltava mesmo. - murmurei, fechando os olhos.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora