23.

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Lara.

Eu: a não, mãe. Peça tudo, menos isso. - falei negando. - tem nem como fingir... Vou parar de ir nesses encontros familiares. Eu não quero ter vínculo com ele.

Ágata: mas vocês não... - interrompi a mesma.

Eu: MÃE. - tampei a boca dela, com os olhos arregalados. - pelo amor de Deus.

Ágata: achei que fosse melhorar alguma coisa. - resmungou.

Eu: piorou foi tudo.. odeio ele, com toda minha força.

Ágata: você sabe que histórias de amor começam assim né? Cheio de ódio. - eu ri negando. - tô falando sério, fuleira.

Eu: não existe amor entre nós. Só a vontade de estrangular ele. - bufei.

Ágata: não tem como entrar em um consenso com vocês. - disse cansada. - tranquilo, não espero que vocês virem amigos, mas pelo menos nos almoços se engulam, e não arruma essas confusões.

Eu: tá, mãe. - respirei fundo.

Era impossível, mas não custava nada tentar né?

Subi pro meu quarto correndo e vi Nanda jogada na cama. Neguei.

Nanda: e aí? - disse curiosa.

Eu: nada demais. - dei de ombros, me jogando na cama.

Nanda: seu irmão tá que manda mensagem. - me mostrou o celular e eu fiz cara de nojo. - não faz essa cara.

Eu: que nojo. - ri negando.

Nanda: querendo que eu durma com ele, vê se pode. - riu. - apaixonou logo assim, de cara.

Eu: não machuca meu bebê. - fiz bico e ela gargalhou.

Nanda: eu avisei pra ele que figurinha repetida não tinha chances. - olhei pra mesma incrédula.

Eu: Fernanda, se você fizer ele sofrer, eu regaço você. - eu ri. - tô brincando... mas assim, joga na roda tá? Seja verdadeira com aquele imbecil.

Nanda: relaxa, Lara. Eu não gosto de ser iludida, então não vou iludir outra pessoa. - sorriu, olhando pro celular.

Aquilo ainda ia render conversa. Neguei e fiquei calada.

[..]

Meu celular começou a tocar, olhei no visor e número desconhecido. Gente, 01:43 da manhã? Povo dormia não?

Eu: pelo amor de Deus. - falei grogue.

KN: boto fé não pô. - fiz careta, olhando pro celular de novo e colocando no ouvido. - já tá dormindo, cara?

Eu: já viu as horas, meu querido? - resmunguei. - o que você quer, alma?

KN: bora dá um peão pô. coisa rápida. - eu ri fraco. - ideia mermo.

Eu: não KN, tá ficando doido? - abri os olhos, vendo a fresta da janela meia aberta, dando passagem da luz.

KN: te dou 10 minutos pra descer, se não eu buzino. - ameaçou.

Eu: porra, você comeu bosta... - o mesmo desligou o celular na minha cara.

Olhei pro lado e Nanda dormia no colchão no chão.

Respirei fundo e fui até minha janela, vendo o carro preto lá em baixo parado.

Que merda esse menino tinha na cabeça?

Xinguei todos os palavrões mentalmente, e troquei de roupa, colocando um moletom e calçando minha havaianas.

Só queria tá dormindo.

Peguei meu celular e sai de mansinho.

Quando cheguei na sala, quase infarto do coração.

Índio: tá indo aonde? - ergueu a sobrancelha.

Eu: ali. - falei rápido.

Índio: fala logo, estrupicio. - fechou a cara. - vai sair com KN né? - arregalei os olhos. - vai logo, o pai tava acordado agorinha.

Eu: mais... - olhei pro mesmo confusa.

Índio: vai logo e trás um lanche pá mim. - concordei saindo dali.

Fiquei sem entender nada? Fiquei. Mas era melhor do que bater de frente com a fera, vulgo meu pai.

Assim que cheguei perto do carro, já senti o perfume daquela praga exalando. Não podia mentir, o bicho era cheiroso mesmo.

Adentrei no carro e encarei ele, que tinha a feição despreocupada no rosto.

Eu: você é louco... - ele me olhou, concordando. - você não cansa de se humilhar?

KN: nunca me canso quando quero algo. - deu de ombros e eu continuei olhando pra ele.

Eu: então quando consegue, aí cansa? - ele ergueu a sobrancelha, me olhando.

KN: depende. - riu fraco e eu neguei.

Eu: o que você quer? - falei impaciente.

KN: pô Larinha... - ele suspirou.

A forma como meu nome saia da boca dele, me deixava toda molinha, vai se foder pra lá.

KN: bora conviver na paz pô. - sugeriu e eu ri, negando. - ideia de malandro pô.

Eu: tu é malandro desde quando, menino? - ri fraco.

KN: tu tá ligada que sou... Só fica fazendo vista grossa. - disse despreocupado. - não faço esses corre não pô, eu sou de dentro, mordomia mermo.

Eu: malandro gourmetzado. - neguei. - não vai me levar nem pra lanchar?

KN: tu tá ligada que teu pai não gosta que tu saia da favela.. - me olhou e eu bufei. O mesmo negou, pegando o radin e mandando o papo pra alguém.

Depois de uns minutos apareceu duas motos e acompanhou a gente.

KN: tu num pede minha deusa, tu manda. - eu gargalhei.

Eu: o tal do homem quando quer uma buceta, move céu e terra mesmo né? - ele riu, me olhando.

KN: tu sabe que eu sou o cara pra você. - dei de ombros. - só não percebeu ainda.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora