80.

1.8K 197 46
                                    

Lara.

Encarei a porta, sentindo minhas mãos temendo, o coração palpitando forte. Fortes dores na barriga me atingiram em cheio.

Não pensei duas vezes e abri a porta, vendo KN a minha frente, com a blusa suja de sangue.

Eu: o que é isso? Você se machucou? - falei assustada, tentando não pensar nas dores.

KN: você tá bem? E essa cara de dor? - me encarou. - tá sentindo algo?

Respirei fundo e concordei, sentindo minha cabeça pesar. Com certeza era o estresse, e o susto.

Senti algo quente escorrer entre minhas pernas, encarei KN e logo olhei pra baixo, me assustando.

Eu: MEU DEUS. - gritei, colocando a mão na boca.

Os tiros já estavam cessando, mas pra sair daquela favela, ia ser um inferno.

Eu: eu... - tentei não surtar. - o bebê, Kauan. O bebê. - falei me tremendo.

KN me pegou no colo, e fomos até a garagem pegando um carro blindado do meu pai.

Procurei meu celular mas não achei.

KN saiu dali voado, passando pelas ruas menos movimentadas (o que era impossível.)

Do nada o carro foi parado, liberando a visão do meu pai e do Toddy, armados, preparados pra atirar.

Vargas: que merda é essa? - falou sério, e ergueu a sobrancelha assim que me viu. - Lara?

Eu: pai, eu preciso ir no hospital. - falei sentindo dor. - eu tô sangrando.

Meu pai arregalou os olhos, falou alguma coisa no radinho e liberou o caminho.

[..]

Mal entrei no hospital e já vieram igual doidos pra cima de mim, graças a Deus.

Fizeram mil e um exames, e depois me colocaram no soro.

Fiquei um bom tempo ali, olhando pro nada, tentando não pensar no pior.

Minha preocupação era só com meu bebê. Se ele estiver bem, eu também estou.

Dr: você teve um descolamento de placenta... - disse, olhando a prancheta. - passou por algum estresse recentemente?

Eu: sim, mas não achei que seria tão perigoso. - murmurei.

Dr: evitar estresses, repouso absoluto, senhorita. - me olhou. - por tão pouco, não aconteceu o pior.

Eu: graças a Deus. - suspirei.

Dr: seguindo as recomendações, tudo ficará bem. - concordei. - estarei liberando as visitas.

Fiquei calada e o mesmo saiu dali.

Pronto. Agora que meu pai não ia deixar eu respirar mesmo.

Depois de alguns minutos, KN adentrou no quarto. Já estava de camisa trocada, e com os mãos dentro do bolso da bermuda.

Encarei ele por uns segundos e desviei o olhar.

O maldito aparelho me entregava, mostrando meus batimentos cardíacos.

Ele me olhou e riu fraco, e eu neguei, fazendo careta.

Zé ruela.

KN: tá melhor? - concordei. - porra, que preocupação.

Eu: até parece. - ri fraco, e o mesmo me olhou sério.

KN: para com isso pô... a gente nem conversou igual adultos e você já fica nessa neura tua. - negou. - tu acha o que, pô? Chega aqui, solta a bomba e eu vou digerir sorrindo? Num é assim não. - fiquei calada.

Ele tinha razão, eu nem aqui estava.. voltei de viagem e já falei que ele ia ser pai. O erro foi eu ter colocado expectativas, onde era um assunto delicadíssimo.

Eu: tá bom, KN. Desculpa. - falei séria. - eu só achei que seria outro tipo de reação, e pronto uai... Não posso ter o direito? Não foi a reação que eu esperava, e já deveria saber que não seria... Eu que criei algo na minha mente.

KN: então pronto... - deu de ombros e eu encarei ele. - fomos pra guerra sem colete, esperaríamos o que? Uma velar? - neguei rindo. - bó cuidar e já era.

__

Oi minhas queridas... Estão todas bem? Eu sumo, mas sempre volto pra vocêsssss!!!

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora