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Lara.

1 mês depois.

Muita coisa mudou. Principalmente que agora eu era um piolho da pista.

A separação dos meus pais foi dolorida, mas agora, um melzinho. Posso viver na pista sem meu pai querer ficar louco.

Até porque, eu sempre visito minha mãe né?

Não vou sozinha, mas já é um bom tamanho poder ir até lá.

Ruí: e aí, Larinha. - me cumprimentou.

Eu: fala, Ruí. - sorri de lado. - tu que vai hoje?

Ruí: é pô, o chefe mandou ficar na cola. - concordei.

Eu: ele e essa mania de pôr pessoas diferentes. - Ruí me olhou fingindo chateação. - Eu te conheço né, mas semana passada ele colocou outro leke.

Ruí: ah, boto fé que eu vou ficar nessa missão por muito tempo. - falou despreocupado e eu encarei ele.

Eu: e porque tu acha isso? - adentrei no carro.

Ruí: só sigo ordens. - riu.

Só concordei e fiquei calada. O mesmo adentrou no carro, deu partida e saiu dali cantando pneu.

Liguei o som do carro e fomos descendo o morro.

Na entrada da favela, tava índio e KN conversando.

Ergui a sobrancelha, encarando a cena.

Tinha um tempinho que eu não trombava com KN, meio que ficou estranho nossa situação, sabe?

Eu não corro atrás nem a pau, e ele? Parece que só queria buceta mesmo... Depois que conseguiu, pouco importa. E é isso, tá tudo bem.

Ninguém saiu perdendo nessa história.

Índio me viu e fez Ruí parar o carro, fechei a cara e bufei.

Índio: Nam pô, virou foi patricinha agora. - reclamou. - num para mais em casa.

Eu: tem um bofinho lá no condomínio que mamãe mora. - índio revirou os olhos. - tô vendo se desenrola alguma coisa.

Índio: cria tipo, Lara. - falou sério. - gosto desses papo não pô, vou ter que ir ver essa história com meu zói.

Eu: até parece. - resmunguei. - você nem vai lá, ela tava reclamando.

Índio: eu vou pô, aqui tá correria... o velho não para de azucrinar. - suspirou.

Eu: então tá... - dei de ombros. - tô indo nessa. Não sei quando volto.

Índio: tá maluca mermo. - negou. - pó parar com essa conversa aí, hoje tem baile.

Eu: am? desde quando? - falei confusa.

KN: desde que teu pai quis fazer. - falou grosso. Ergui a sobrancelha e sacudi os ombros.

Índio: tu pode voltar pô, bora curtir um bailinho com o maninho. - eu ri fraco.

Eu: tchau índio. - me despedi e Ruí acelerou.

Índio: vai viado, me mata que eu volto pra te buscar. - falou rindo.

Ruí: também te amo, baitola. - respondeu.

[..]

Eu: valeu, bebê. - agradeci descendo do carro.

Ruí: vai voltar hoje? - me olhou de cima a baixo.

Eu: pior que não sei. - olhei meu relógio. - talvez, qualquer coisa eu ligo.

Ruí: não inventa de ser noite pô. - riu. - tu sabe que dia de baile é foda sair da favela.

Eu: tá bom. - concordei e mandei tchau.

Ruí era uma gracinha. Já dei uns beijinhos, mas nunca passou disso.

Mas não tirava o fato que era gente boa.

O mesmo esperou eu adentrar pra sair dali as pressas.

Que louco.

Falei com o porteiro e fui caminhando até a casa da minha mãe.

Assim que cheguei lá, já tava uma farrinha gostosa.

Eric: caraca, que demora. - reclamou.

Eu: aí, o trânsito tava um horror. - me expliquei.

Didi: se eu soubesse, tinha vindo comigo. - eu ri.

Ágata: oi amor. - me abraçou, e eu retribui.

Eu: oi mãe. - olhei pra ela. - vocês estão sabendo do baile que meu pai vai fazer hoje?

Eric: é o que? - tio Eric olhou chocado. - aquele resto de macumba mal feita não perde um tempo.

Didi: ué, Tody não me falou nada. - encarou o celular. - o pau vai quebrar.

Ágata: ele comentou. - deu de ombros e eu olhei pra ela.

Eric: é o que, querida? - olhou pra minha mãe, com as mãos na cintura. - calma aí, deixa eu vê se entendi... - fingiu pensar. - VOCÊ TÁ CONVERSANDO COM AQUELE AMULETO DO DIABO?

Didi: não acredito. - disse chocada.

Ágata: não gente... - tentou se explicar. - aí, para! Só tem 1 mês de separação. A gente ficou casados por 20 anos. - se defendeu.

Eu: dá um desconto. - eles me olharam. - o que foi? Foi 20 anos, e não 20 dias. - fiz careta.

Eric: hoje é o dia das meninas né? - tia Ingrid concordou. - então vai sobrar pra você, cobrinha. - me olhou e eu ri. - pode ir soltando a língua, eu tô sabendo de tudo.

Eu: sabendo o que? - fingi demência.

Eric: NÃO FAZ ISSO COMIGO. - gritou pulando.

Ágata; deixa a menina. - tio Eric fez careta.

Eric: hoje vocês não estão podendo se defender. - arregalei os olhos.

Ruí.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora