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Lara.

De certo, eu tava achando mesmo que iria viver um conto de fada.

Como eu fui burra. Uma idiota.

Nascida e criada no meio disso tudo, e ainda acredita em coisas inúteis.

Eu sabia. Sempre soube. Só não quis enxergar.

A carne é fraca? O caráter então já tá podre.

Respirei fundo enquanto meu pai andava de um lado pro outro.

Vargas: caralho, e eu confiei nesse bosta. - passou a mão no rosto. - tá vendo? É por isso que eu meto é a bala logo. Tem nem como porra, vai toma no cu. - falou nervoso.

Ágata: ou, isso é o de menos. - falou baixo. - esquece, já foi e vai passar.

Vargas: esquecer? - riu fraco. - tá maluca, Ágata? Ninguém faz isso com filho meu não.

Eu: não precisa fazer nada. - falei séria, limpando meu rosto. - eu tô bem, eu tô bem.

Eu falava aquilo pra eles, mas na verdade, era mais pra mim.

Sempre foi assim, sempre me curei sozinha, pecinha por pecinha. Não vai ser agora que eu vou afundar.

Vargas: como assim? - ergueu a sobrancelha.

Eu: por favor, pai. - peguei na mão dele. - não faz nada... por mim!

Vargas: sei não pô, não me peça isso. - negou. - eu sou teu pai, tu acha mermo que vou conseguir olhar na cara dele, sem meter um murrão?

Ágata: Renan. - repreendeu meu pai, que tava muito nervoso.

Vargas: é isso mermo, eu não sei. Não vou prometer nada, eu me conheço. - fechou a cara e se afastou.

Fiquei calada e olhei pra minha mãe, sentindo uma dor tão forte no peito.

Eu achava que sabia o que era sofrer, mas tava enganada.

O pior não era nem sofrer, o pior é ter dado confiança. Acreditado em cada palavrinha.

Achado que cada momento, havia sido importante.

Pra no final, levar uma baldada de água gelada bem no meio da fuça.

Ágata: vai descansar um pouco. Mais tarde a gente resolve isso. - murmurou, me abraçando de lado.

Nem respondi, apenas concordei e subi pro meu quarto.

[..]

A vontade de gritar era constante. E eu não queria saber do outro lado da história.

Eu não queria saber em pensar de dar outra chance. Não quero saber em ter um relacionamento novamente.

Isso foi tudo uma farsa, aonde eu sai totalmente lesionada.

Eu sou muito boa em dizer adeus, em fingir que nada disso aconteceu.

Pra falar a verdade, seria um pouco mais difícil do que eu pensava. Eu nunca havia sentido isso, tava tudo muito estranho.

Meu celular não parava de tocar, números desconhecidos, número do KN, da tia Ingrid.

Mensagens era mato. Toda hora chegava uma.

Eu não queria saber, não queria conversa.

Trancada no meu quarto estava, assim continuei.

Uma gritaria na sala. Voz do meu pai, do KN e da minha mãe.

Logo em seguida tia Ingrid.

Não, eu não vou ver o que é.

Quero sofrer a minha dor, o meu luto de término.

Quando eu tiver restaurada, vou atrás e termino oficialmente.

Não posso estar balanceada, porque eu sei que vou cair no papinho do macho escroto.

Peguei meu celular e entrei no WhatsApp, tinha um número estranho com algumas mensagens.

Adentrei na conversa e tinha várias fotos do KN com algumas meninas, inclusive, Victoria.

Fechei os olhos negando, maldito seja Kauan.

Me enganou direitinho.

Adentrei na conversa dele, e mandei uma mensagem. Não quero olhar na fuça dele.

"Vai pra tua casa. Não quero te ver, não quero falar com você. - 21:43PM"

A mensagem de imediatamente foi visualizada, mas eu nem quis saber de resposta. Coloquei meu celular no criado mudo, e voltei pra minha cama. No meu próprio consolo.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora