19.

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KN.

O bagulho ia ser mais difícil do que eu imaginava, irmão.

Fui dormir muito puto. Puto e de pau duro.

Mina do caralho.

Acordei e olhei pro lado e não tinha nem uma alma viva. Bicha maluca.

Vesti uma bermuda, escovei os dentes e lavei o rosto... Fui até a cozinha e só vi minha mãe cortando os tomates, e meu pai na área de churrasco.

Eu: viu ninguém aqui não? - minha mãe me olhou desconfiada. - ihhh, que foi?

Didi: já falei pra tu né, Kauan. - falou brava.

Eu: então não viu? - ela bufou, negando. - trouxe ninguém não, minha gata.

Didi: como se eu acreditasse em você né? - falou debochada. - vai lá ver se teu pai vai querer os pães agora.

Ri fraco e concordei, indo até o coroa.

Tody: oxi, achei que a donzela não ia acordar nunca. - brincou.

Eu: engoliu um palhaço foi? - ele riu. - a mãe tá perguntando se vai querer os pães.

Tody: tem cérebro pra enfeite. - ergui a sobrancelha. - porque já não veio com eles?

Eu: ah pai, co foi.. - passei a mão na cabeça.

Tody: tá avoado do juízo. - negou e eu ri.

Eu: pra caramba. - bufei, indo na cozinha.

Peguei os pães e outras coisas que ele pediu, deixei lá e subi pro meu quarto.

Mil e um pensamento. Peguei meu celular e nenhuma mensagem.

Ela sabia levar a sério o bagulho de apenas uma curtição, mas tá maluco, sou assim não.

[..]

Lara: já tá sentindo minha falta? - sua voz animada ecoou pela ligação.

Eu: pô, mó falta de consideração viu? Sai e não dá um beijinho. - ela riu.

Lara: pelo amor de Deus, Kauan. - resmungou. - o que você tá querendo?

Eu: você. - a ligação ficou muda e ela tossiu. - para de se fazer, cara. Eu tô ligado que tu quer. Eu também quero.

Lara: não é assim que funciona. - resmungou. - você é um cafajeste, Kauan. Nunca que isso vai dá certo.

Eu: nem você acredita nessas tuas palavras. - ela gargalhou. - posso te ver?

Lara: não tô em casa, bofe. - falou rápido. - preciso desligar, beijo lindo.

A maldita nem esperou e já desligou. Fiquei uns segundos encarando a tela do celular e respirei fundo.

Que porra, mané.

[..]

Índio: que cara é essa? - chegou animado.

Eu: pelo visto comeu buceta. - falei sério.

Índio: tu num tá entendendo não, meu parceiro. - suspirou, e eu neguei.

Eu: quem foi a vítima? - ele me olhou, pensativo.

Índio: a vítima foi eu mermo, KN. - encarei ele e ri. - tomei um chá do caralho, tô desorientado até agora.

Eu: porra é essa, índio? - encarei ele, e não aguentei, soltei uma gargalhada.

Índio: aquela amiga da Lara. - falou olhando pro nada. - feiticeira pô, uma sentada eu quase fui de arrasta.

Eu: pelo menos alguém teve sorte. - falei lembrando da maldita falando que tava com dor.

Índio: esse mal humor vai te matar. - comentou.

Eu: mais fácil uma demônia me matar pô, tem cabimento não. - passei a mão no rosto.

Índio: Nam KN, deixa de ser pôdi. - negou. - vou pegar uma cerveja pá nois... Quero animação.

Eu: agora que cê tá comendo buceta, tá liberando sua irmã pra mim? - o mesmo me olhou cheio de ódio, neguei rindo.

Índio: não mexe com meu juízo não, viado. - saiu dali pisando fundo.

Gargalhei e fiquei olhando o pessoal curtindo. Era maneiro como qualquer dia era motivo de curtir. Se tu acordou respirando, era motivo de comemorar. Bacana demais.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹𝑒 𝒶 𝓃𝑜𝓈.   - 𝟤° 𝒯𝐸𝑀𝒫𝒪𝑅𝒜𝒟𝒜Onde histórias criam vida. Descubra agora