Primeiro dia na escola nova - parte 2

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— Então, Eric, desculpa perguntar, mas como consegue ter dentes tão perfeitos? Você não toma café? E não, deixa eu esclarecer, antes de qualquer coisa. Isso não é nenhuma cantada bizarra, só fiquei curiosa mesmo. Às vezes, os garotos pensam que estou dando em cima deles só porque faço umas perguntas ou comentários na curiosidade. Acho que as pessoas são muito carentes. 

Ele riu um pouco. 

—  Ah, relaxa. Sei como é. Não que algum menino tenha pensado isso de mim, eu só… Deixa pra lá. Então, se não foi uma cantada, devo considerar um elogio?

—  Não sei. —  Ela riu. —  Talvez devesse participar de um comercial de pasta de dentes. Já pensou nisso?

—  Não.

— Então, qual o segredo?

—  Podemos chegar ao seu destino primeiro? É difícil ficar conversando enquanto corremos. Aliás, não sei como você consegue. 

—  Ai, tá bom. Desculpa. Vamos nessa. —  Ela segurou em seu braço para fazê-lo desacelerar. —  Mas só pra constar, eu saía pra correr de manhã, quando morava em Santos. Talvez, seja isso. Agora, duvido você me alcançar. —  Ela riu e saiu em disparada na sua frente. 

Eric piscou, ainda pasmo com toda a energia da menina.

—  Ei! Você não sabe pra onde ir! — gritou.

Quando Eric se aproximou dela, teve que puxá-la pelo punho para redirecioná-la, pois Emily estava na direção errada. Ela quase riu, engasgada e com o coração batendo forte pela adrenalina. Se contasse sobre essa aventura para seus amigos de Santos, eles não acreditariam. 

Em algum momento, ela sentiu que corria sozinha. Então, parou e olhou para trás. 

Eric estava praticamente jogado no chão. Ela teve pena do rapaz e voltou alguns passos. Ambos estavam no corredor da ala oeste e era possível ver o número da sala doze à distância, próximo a outro lance de escadas. Emily apoiou as mãos nos joelhos e observou o garoto de cima. O suor pingava da testa dele e seus olhos estavam fechados. 

— Acho que quebrei meus ossos —  disse ele fraquinho, como se falasse sozinho.

Emily deu risada.

—  Para.

— Obrigado, garota, por me lembrar que preciso urgentemente largar a vida sedentária e fazer exercício físico.

—  Olha, de vez em quando é bom. —  Quando ele abriu os olhos, ela acrescentou: —  Estamos quase lá, deixa eu te ajudar a levantar. —  Estendeu o braço.

— Eu sou muito pesado. Nunca que você ia conseguir. Seria capaz que eu te derrubasse no chão também. 

Ela revirou os olhos, pegou seu braço e tentou erguê-lo, sem sucesso. Então, inventou de arrastar o corpo dele como se estivesse morto. 

Eric deu risada. 

—  Qual a graça? Não podemos desistir, estamos quase lá! —  exclamou ela, fazendo força.

—  Você é uma figura, menina. Pode me soltar. —  Quando Emily obedeceu, ele ficou de pé rapidamente.  — Acho que não tô sentindo minhas pernas direito. Falou sério quando disse que saía pra correr? Qual o seu problema?

—  Sei lá, talvez eu goste de mim mesma o suficiente pra cuidar da minha saúde e viver de verdade, não apenas sobreviver? 

Ele se escorou na parede e encarou o teto. 

—  Meu Deus, que loucura.

Emily colocou uma das mãos na cintura.

—  Você tem cara de que passa o dia todo em casa vendo TV quando não tá na escola, né? 

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