Assim que Emily assumiu o palco, a explosão de aplausos foi quase unânime. Victória olhou em volta e viu muitas pessoas animadas para ouvir a garota. Seu coração se encheu de revolta.
— Boa noite a todos — disse Emily, no microfone.
Victória revirou os olhos e saiu de lá, passando despercebida por muitos colegas. Desceu as escadas às pressas até chegar no térreo. Seguiu pelo corredor da biblioteca e foi para uma área depois das escadas da ala leste, próxima a um extintor de incêndio. Andou até o quadro de energia da escola, pegou os pedaços da pinça metalizada e os encaixou em sentidos opostos na fechadura do cadeado. Depositou toda sua força tentando girá-la e conseguiu abri-lo.
Ao abrir o quadro, viu vários fios amarelos, vermelhos e azuis, além de pequenos disjuntores com siglas que não entendia muito, todos bem organizados. Por via das dúvidas, desligou tudo e se viu mergulhada na escuridão. Teve que usar a lanterna do celular para fechar o quadro, encaixar o cadeado de volta na porta e trancá-lo.
Depois, abriu um sorriso. Quero ver Emily apresentar a porcaria dos projetos no escuro, pensou. Virou-se para sair e esbarrou em alguma coisa. Alguém que lhe segurou os punhos na frente do corpo e disse:
— Vai a algum lugar?
— Eric! — sussurrou Victória, meio alto demais. Não podia ver seu rosto, mas a voz era inconfundível.
— Eu vi o que fez. E agora você vai desfazer.
Ela riu, torcendo um pouco os punhos para que ele a soltasse. Não que a estivesse machucando. O aperto era leve, porém não queria sentir as coisas que o mero toque lhe causava.
— Não.
— Ah, é? — Ele a soltou e se afastou um pouco. — Vamos ver o que o diretor vai achar disso. — Começou a andar na direção das escadas. Victória entrou em pânico. Sem pensar, correu até o rapaz e se colocou na sua frente, obrigando-o a parar de andar, com as mãos em seu peito.
— Não faz isso, por favor.
— E por que não?
— Vai arruinar meu futuro aqui. Acho que um negócio desses é digno de expulsão.
Ele riu.
— Não me importo. Será merecido.
— Emily conhece esse seu lado vingativo? Ela sabe que por trás de um garoto atencioso existe um babaca?
— Não tô sendo babaca, tô sendo justo. Odeio trapaças. A Emily é boa demais pra ter uma prima como você. — Ele agarrou seus punhos de novo e a afastou de si, voltando a andar.
Num desespero, Victória agarrou a barra de sua blusa pelas costas e a puxou para fazê-lo parar. Porém, o rapaz tinha mais forças nas pernas do que ela imaginou e continuava andando. Os pés dela começaram a deslizar pelo chão porque não largava sua camisa, até que de repente, Eric estacou e ela colidiu com suas costas. Ouviu um xingamento sair de sua boca e se surpreendeu. Não sabia que ele falava palavrões.
Subitamente, Eric se virou para ela, agarrou seu punho e a fez correr para um beco quase no fim do corredor, perto do extintor de incêndio e da porta com a escada de emergência.
— O que tá fazendo? — questionou ela, encurralada numa parede.
— Shh. — O rapaz tapou sua boca com a mão.
Victória ouviu passos e entendeu, em partes, o que o garoto estava fazendo. Ficaram um tempo quietos, apenas ouvindo o som de pisadas seguidas de um cadeado sendo aberto. Depois, a luz preencheu a o ambiente e Victória percebeu o quanto estava perto de Eric.
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A Vilã
Teen FictionVictória tinha tudo o que uma garota poderia querer: uma péssima relação com a mãe, uma péssima reputação na escola, um amor platônico por alguém que nunca olharia para ela, uma melhor amiga que sempre a colocava para baixo e um monte de traumas. Ou...