No dia seguinte, Emily não foi para a escola. Contou para a tia o que lhe ocorreu e Monique disse para a menina ficar em casa. Antes de ir trabalhar, a mulher ajudou Emily a descer as escadas e a deixou no sofá. Mais tarde, a garota recebeu mensagens de Eric, querendo saber se estava tudo bem. Ela só respondeu que ainda sentia um pouco de dor.
Emily teve mais tempo para fazer suas orações e leituras bíblicas. Por volta de dez da manhã, recebeu mensagens de Davi, no grupo do grêmio. O rapaz a informou que saiu o resultado das votações e disse que eles ganharam. Emily sorriu de felicidade e, de certa forma, o colega pareceu empolgado para começarem a colocar os projetos em prática. Depois de alguns minutos, ele até perguntou por que ela não estava na aula. Emily explicou o que aconteceu e sugeriu que ele e Mikaela fossem até a casa de Monique para uma reunião, pois não podiam perder tempo. A amiga pareceu empolgada com a ideia e Davi só respondeu com um joinha.
Depois disso, Emily ficou vendo filmes até a hora do almoço. Então, foi à cozinha, pulando em um pé só. Por sorte, a tia lhe deixara comida pronta. Ela só colocou tudo no prato e esquentou. Almoçou rápido, com um copo de suco de manga natural e largou prato e copo na mesa de centro para evitar se esforçar muito.
Meia hora depois, ouviu a campainha da casa tocando. Levantou-se com dificuldade e se obrigou a ir até o portão pulando em um pé só. Davi olhou para suas pernas e riu, com um palito de dente na boca e as mãos enfiadas nos bolsos da blusa vermelha.
— Boa tarde, Saci.
Ela revirou os olhos.
— Cadê Mikaela?
— Disse que ia passar em casa pra vestir algo mais confortável e viria pra cá depois.
— Vê se tem alguém na rua.
Ele olhou em volta.
— A rua tá deserta. Agora posso entrar?
Ela assentiu e lhe cedeu espaço. O garoto ficou rindo dela durante todo o caminho até a sala. Depois, a garota se jogou no sofá e colocou uma almofada no colo. Davi se acomodou numa poltrona ao lado e colocou sua mochila preta na mesa de centro.
— Quer comer alguma coisa? — Emily ofereceu. — Ainda tem sobras do almoço.
— Nossa, ainda bem que cê ofereceu. Tô morrendo de fome. Fumei um baseado vindo pra cá e me dá uma larica. — Emily arregalou os olhos. — Que foi? Não é nem zoeira.
— Entendi. — Ela fez menção de levantar, porém Davi ergueu uma mão para detê-la.
— Não esquenta comigo. Só me fala onde ficam as coisas que eu mesmo pego.
— Tá bom.
Para sua surpresa, ele pegou as coisas que ela deixou na mesa de centro e levou até a cozinha. Emily contou onde estavam as comidas, os pratos e talheres. Em poucos minutos, ouviu o barulho do microondas. Davi apareceu com um prato enorme de comida na sala, sentou-se no chão e o apoiou na mesa de centro. Deu garfadas enormes na comida e pareceu gostar do sabor.
O rapaz comeu em silêncio. Depois, levou o prato à cozinha e Emily ouviu o barulho de água e o tintilar de louças. Deduziu que ele estava lavando tudo e mais uma vez ficou chocada. Quis lhe dizer que não precisava, mas perdeu a coragem. Quando voltou, jogou-se no chão novamente, apoiando as costas na poltrona.
— Por que você chegou aqui com um palito de dente na boca? — ela questionou.
— Me ajuda a controlar o vício em fumar. Quando tô numa situação que não posso, fico com palito de dente na boca ou masco um chiclete. — Ele abriu a mochila e pegou um caderno. — Manda mensagem pra Mikaela e vê se ela já tá vindo. Quero começar logo a reunião.
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A Vilã
Dla nastolatkówVictória tinha tudo o que uma garota poderia querer: uma péssima relação com a mãe, uma péssima reputação na escola, um amor platônico por alguém que nunca olharia para ela, uma melhor amiga que sempre a colocava para baixo e um monte de traumas. Ou...