Mais tarde, Emily estava pintando as unhas dos pés quando sua prima e a tia chegaram do restaurante. Passara o dia conversando seus amigos de Santos, para distrair a mente. Lembrou-se da alegria e senso de humor deles e o tempo passou voando. Depois, trocara algumas mensagens com a mãe (mas não teve coragem de falar sobre o que aconteceu com Eric) e vira um filme de drama, baseado em fatos reais.
Monique deu um abraço na sobrinha e ficou animada por ela ter voltado. Já Victória, foi indiferente, apenas jogou-se numa poltrona, colocou os pés na mesa de centro e fechou os olhos.
— Odeio aquele restaurante — resmungou.
— Para de reclamar, você é a única que ganha gorjeta! — gritou Monique, indo para a cozinha.
— Como assim? — Emily perguntou.
Monique voltou para a sala bebendo um copo de água.
— Tem um senhorzinho de idade que vai ao restaurante praticamente todo dia. Por alguma razão que ninguém entende, ele se apegou à Victória. Sempre deixa gorjetas pra ela e faz questão de ser atendido por ela. Pra você ter noção, ele chega a ficar triste quando Victória tá de folga.
Emily ergueu as sobrancelhas e olhou para a prima, que permanecia de olhos fechados, como se dormisse.
— Sério?
Victória ajeitou o corpo na poltrona.
— Não é pra tanto. Nicolau é um velho idiota que não fez amigos na idade dele. Aí, como castigo, tem que ficar conversando comigo.
Monique a encarou.
— Como se você não gostasse de conversar com ele também, né?
— Eu não. Converso por pena. Ele tá mais perto da morte do que eu.
— Você vive com aquele seu caderno pra cima e pra baixo. Hoje eu te vi mostrando pro Nicolau o que escreveu.
Victória suspirou.
— São negócios, mãe. Nicolau e eu só tratamos de negócios. — Ela ficou de pé. — Agora vou deitar, tô cansada. Ainda bem que amanhã é sábado e por um milagre tô de folga.
Assim que Victória subiu as escadas, Monique sentou ao lado da sobrinha.
— Então, vai me contar o que aconteceu pra você ter ficado longe? Foi minha filha de novo?
— Não. Eu só… precisava mesmo de um tempo, sabe? Mas agora eu tô bem.
— Que bom, porque ontem o Eric veio te procurar. Eu tinha acabado de chegar do trabalho. Ele estava com um olho roxo, se não me engano.
Emily deu um tapa na própria testa.
— Meu Deus.
— Victória falou que os meninos estavam brigando por causa de você na escola, é verdade?
A menina sentiu o rosto esquentando.
— Ah, tia. É complicado. O que a senhora disse pro Eric?
— A verdade, que você estava dormindo na casa de uma amiga. Mas ele também tava todo misterioso, sem querer falar o que aconteceu.
— Victória estava com você? Ela falou com ele?
— Não. Foi assim, chegamos do restaurante, aí ela subiu pro quarto e eu fui pra cozinha. Depois de guardar as coisas na geladeira, a campainha tocou e fui atender. Eric nem chegou a entrar, a conversa foi bem breve.
— Ah, mas… ele perguntou da Victória?
— Não, o nome dela nem foi mencionado. Por quê? Ele deveria ter perguntado?
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A Vilã
Teen FictionVictória tinha tudo o que uma garota poderia querer: uma péssima relação com a mãe, uma péssima reputação na escola, um amor platônico por alguém que nunca olharia para ela, uma melhor amiga que sempre a colocava para baixo e um monte de traumas. Ou...