— O que tá fazendo no quarto do meu irmão? — Brenda perguntou.
— Aqui é o quarto dele? Droga, eu tinha certeza que era o banheiro. Agora vou ter que limpar o xixi que fiz na cama.
A menina riu.
— Tá bom, palhaça. Me fala a verdade. Ficou curiosa, né?
— Seu irmão é doente. — Ela ergueu as mãos. — Olha isso, quanta coisa tem acumulada aqui. Só pode ser coisa de retardado. — Apontou para a estante. — Tem uns livros de História enormes ali. Só da Segunda Guerra Mundial, eu vi uns cinco. Duvido que ele leia tudo isso.
— Acredite, amiga. Ele leu.
— Trabalho de escola?
— Por diversão.
Victória franziu as sobrancelhas.
— Claro, de vez em quando eu também me divirto muito lendo umas bulas de remédio, principalmente quando chega na parte dos efeitos colaterais que um medicamento pode me causar.
Brenda cruzou os braços e analisou seu rosto.
— O que pensa em fazer depois da escola, Vic? — perguntou, de repente, inclinando a cabeça para o lado como um cachorro tentando entender alguma coisa.
— Me jogar de cima de um prédio, eu acho.
Brenda se aproximou e sentou na cama do irmão.
— Não, eu falo sério.
— Nada. Não pensei nisso.
A menina arregalou os olhos.
— Como assim? Você vive falando da importância de estudar. Pensei que tinha um plano definido.
Ela foi até a janela e afastou a cortina para olhar a rua.
— Meu plano é terminar a escola e nunca mais precisar ver a cara daqueles imbecis fofoqueiros, que adoram cuidar da vida dos outros.
— Caramba, Vic. Eu quero ser detetive.
Victória afastou os olhos da rua e percebeue que Brenda estava deitada na cama, apoiando a cabeça em um braço e encarando o teto.
— Detetive? Por quê? — Victória se aproximou e sentou na ponta da cama.
— Sou muito curiosa e acho que seria legal desvendar crimes. Às vezes fico pasma com aquela série do Sherlock Holmes. Os caras são muito espertos e rápidos. Posso fazer uma investigação pra você? Preciso saber se tenho talento.
— Como assim?
— Sabe quem começou os boatos sobre você na escola, Vic?
— Não.
— Então, você não acha essa história estranha? Tipo, como o povo da escola sabe das risadas? Alguém filmou?
— Não.
— Então, tem algo errado.
— Não te autorizo a investigar nada. Gosto das coisas como elas são.
— Mentirosa! Se você gostasse mesmo, não desejaria sair da escola logo pra se livrar daquelas pessoas. Eu presto muita atenção no que você diz e no que não diz também, tá?
— Eu devia me preocupar?
— Talvez.
Victória ficou de pé.
— Ok, agora levanta daí e vamos começar o nosso plano contra Emily. Até agora você só enrolou e não falou nada.
Brenda apenas sentou na cama.
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A Vilã
Teen FictionVictória tinha tudo o que uma garota poderia querer: uma péssima relação com a mãe, uma péssima reputação na escola, um amor platônico por alguém que nunca olharia para ela, uma melhor amiga que sempre a colocava para baixo e um monte de traumas. Ou...