Quando as aulas acabaram, Emily deixou a sala e encontrou Victória descendo as escadas.
— Ficou no refeitório hoje? — perguntou, caminhando para fora ao seu lado.
— Na sala — disse a garota, surpreendendo Emily com um tom mais brando e reflexivo na voz.
— Ah, não quis ficar nem na biblioteca?
— Como sabe que fico lá? Você tá me espionando agora?
Emily ajeitou a mochila nas costas e a seguiu pelo pátio externo da escola, descendo as escadas dianteiras logo depois.
— Eric me contou.
Ela notou uma leve mudança no semblante da prima, mas não comentou nada.
— Não sei se você notou, mas eu sou uma pessoa estudiosa. Tinha muita coisa pra estudar e decidi ficar na sala hoje. Agora, para de falar comigo. Seu silêncio é uma dádiva. — Victória voltou com o tom rude de sempre e parou no meio da calçada, quase esbarrando em outros alunos que também saíam da escola.
Na mesma hora, o carro de Monique estacionou numa guia e ela colocou a cabeça para fora da janela.
— Victória, não esqueça o que falei! Entra no carro, vamos pro restaurante! — gritou.
A menina grunhiu e foi até o veículo. Enquanto isso, alguns alunos olharam para ela e começaram a rir e cochichar alguma coisa entre si. Emily ouviu dois rapazes debochando de sua prima falando “ih, a mamãezinha vem buscar ela agora”.
Ela sentiu pena da prima, mas não teve coragem de fazer nada. Pensou em conversar com a tia depois sobre a história de levar a garota para trabalhar com ela. Será que não é exagero?, pensou.
Não, não é. Ela está onde deveria estar, Emily, o Espírito Santo respondia, em seu coração.
A menina não questionou as palavras de Deus e foi para casa. Ocupou-se com os ensaios para a apresentação do grêmio. Mais tarde, fez uma pausa e foi ao mercado. Voltou com ingredientes para fazer brigadeiro de colher, porque simplesmente ficou com vontade. Um docinho de vez em quando não lhe faria mal e sua mãe nem precisava saber. Então, ela se lembrou das conversas com Eric e tentou sufocar tais pensamentos, pois pensar no rapaz provocava sensações indesejadas em sua barriga e a fazia ansiar pelo próximo momento em que o veria. Depois de preparar o brigadeiro, deixou-o na geladeira e ficou vendo filmes pelo restante do dia até sua tia e Victória chegarem.
Dessa vez, a prima não se apossou da TV. Foi direto para o quarto e ela pôde ficar na sala mais um pouco. Monique também se recolheu depressa, alegando cansaço. Sequer jantou com a sobrinha.
Quando se viu sozinha, Emily pegou um pouco de brigadeiro, voltou para a sala e começou a olhar o catálogo da Netflix. Deu de cara com vários filmes de Star Wars. Lembrou-se de tudo o que Eric lhe disse sobre a franquia e ficou curiosa para ver a saga. Foi por isso que pegou o celular e ligou para ele. Convenceu-se de que esse era o único motivo.
— Tô surpreso porque você ligou e feliz também — comentou o garoto.
— Eu só queria perguntar uma coisa, espero não incomodar.
— Ah, não, relaxa. Tô sem fazer nada mesmo.
— Ótimo! Então, quero começar a ver Star Wars, mas não lembro qual o primeiro filme. Poderia me ajudar?
Ele deu uma risadinha.
— Claro! Pra você entender a história desde o início, comece por A ameaça fantasma.
Emily clicou no filme e arregalou os olhos.
— São mais de duas horas de duração!
— Todos são assim. Espera até ver Senhor dos Aneis.
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A Vilã
Подростковая литератураVictória tinha tudo o que uma garota poderia querer: uma péssima relação com a mãe, uma péssima reputação na escola, um amor platônico por alguém que nunca olharia para ela, uma melhor amiga que sempre a colocava para baixo e um monte de traumas. Ou...