Guilherme Dash
Os caras estavam na ponta da quadra prontos para jogar bola, caminhei até meu tio que estava do outro lado calçando a chuteira.
— Você tinha que falar da Cindy?
— Eu nunca conheci ela, como eu ia saber que não era — me encarou.
— Caralho mano, já faz um bom tempo, você tinha que ir lá e estragar a desgraça toda — alterei a voz. — Não vou mais jogar porra bola nenhuma não.
Caminhei para fora da quadra.
— Porra Neto, o time vai ficar desfalcado.. — gritou.
— Vai se fuder você e o baba, me erra!
Tirei a chave do bolso e caminhei em direção ao meu carro, entrei no mesmo fechando a porta e coloquei a chave na ignição fazendo o motor roncar, fiz a volta com dificuldade por conta do pouco espaço e arrastei morro abaixo.
Depois de 40 minutos estacionei na praia de Copacabana, desci do carro batendo a porta e travei, caminhei pela areia da praia procurando o cantinho menos movimentado.
Sentei na areia e encarei o mar.
Lembro que quando meu pai brigava com minha mãe ela sempre corria pra cá, ela falava que aqui ela conseguia pensar direito, se sentia em casa.
— Saudades mãe.. — murmurei.
As vezes gostaria que no céu tivesse horário de visita só para podermos matar a saudade de quem já se foi...
Encarei a tela do celular e deitei na areia, coloquei o antebraço sobre o rosto e fechei os olhos.
Lembrar da Cindy me faz muito mal, depois que minha mãe morreu eu fiquei por muito tempo perdido, mas foi ela que ficou comigo quando me conheceu, me ajudou a aguentar a pressão, disse me amar, me fez ama-lá e sumiu. Acabou comigo de outra forma!
Sempre fui muito carente, sempre me apeguei rápido demais, sempre quebro a cara. Meu problema é esse, sempre gostar demais, valorizar demais, me decepcionar demais. Exagero muito.
— Que babaca idiota.. — sussurrei.
E o pior é que eu não sou de ir embora, eu sou sempre aquele que fica e espera. Espera a volta de quem foi, ou a chegada de quem nunca esteve.
Peguei meu celular no bolso assim que ele vibrou.
— Qual foi? — atendi.
— Você tá onde irmão? — Ryan perguntou.
— Já tô voltando pra casa, aconteceu alguma coisa? — sentei na areia.
— Não, só fiquei preocupado.. — disse.
— Relaxa, tô de boa.
— Jaé — desligou.
Coloquei o celular no bolso e levantei passando a mão na bermuda para tirar a areia. Caminhei de volta pela areia em direção ao carro, me encostei no mesmo e cruzei os braços sentindo a brisa do fim de tarde.
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Teen Fiction+18| Ela se apaixonou pelo moleque da favela, ele fazia tudo errado mas amava ela. #3 em ficção adolescente. [23.02.2019] #10 em ficção adolescente. [31.01.2019] #1 em ficção adolescente. [17.05.2018] ©2016 por Vitória Almeida. Todos os direitos res...