Capítulo setenta e dois

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Bianca Aguilar 

Abri a porta e encarei Guilherme, ele tinha uma expressão nervosa e preocupada. 

Seus olhos desceram por todo meu corpo e pararam em minha barriga, como se checasse se os nossos filhos estavam bem. 

Não vou chorar. 

— O que te traz aqui? — perguntei fraco, sentindo a garganta queimar. 

— Saudades.. — segurou a porta.

— Olha Guilherme, nem adianta vir cheio de palavrinhas bonitas — respirei fundo. — Quero atitudes e provas de que realmente confia em mim, poxa... — sorri sem ânimo. — Você desacreditou de mim, da mulher que alega amar.

Bati a porta mas ele colocou o pé na frente. 

— Eu tive medo, eu imaginei tantas coisas ao ver vocês dois lá tão próximos, eu já perdi tanta coisa que eu fiquei com medo — me encarou. — Ele está tentando te tirar de mim — sussurrou choroso. 

Não droga, não chora na minha frente, por favor. 

— Não justifica — deixei algumas lágrimas caírem. — Você devia ao menos ter me ouvido, mas esse seu orgulho bobo fala mais alto — alterei a voz. — Agora fica ai com ele. 

Bati a porta mas ele segurou a mesma. 

— Amor, por favor.. — chorou. — Eu te amo, vamos conversar agora — me encarou. — Por favor, me bate, me xinga mas não me manda ir embora! 

Balancei a cabeça negativamente e chorei, vê-ló chorar me fez chorar, lembrar de tudo me fez chorar, eu só quero chorar. 

— Bianca, tá tudo bem? — Daniel gritou. — Que demora é essa? 

Merda! 

— O que esse cara está fazendo aqui? — Neto perguntou enquanto tentava entrar, mas segurei sua barriga o impedindo. — Eu vou matar ele! — puxou a arma da cintura. 

— É meu amigo, muito bem vindo.. — funguei. — Pelo menos ele acredita em mim — chorei. — Guarda essa merda logo! — gritei. 

Ouvi os passos do Daniel atrás de mim. 

— O que esse cara está fazendo aqui? — perguntou. 

— Daniel, volta para lá — falei sem encara-ló. — Por favor! 

Guilherme deu uma volta e passou as duas mãos na cabeça, colocou a arma na cintura e apoiou a mão na porta. 

— Você não vê que é isso que ele quer? Nos separar — murmurou. 

— Guilherme, vai embora — virei o rosto. 

— Não me manda ir embora assim — fungou. — Vamos ter a merda da conversa, vamos esclarecer tudo — alterou a voz. — Me conta tudo que tá sentindo e deixa eu colocar tudo para fora também — chorou. — Droga, tá tudo tão confuso, tudo é sempre tão exigido de mim! 

A vontade de abraçar ele e dizer o quanto amo já era maior que tudo, mas do que adianta se ele não confia em mim. 

— Vai, por favor — pedi outra vez. 

— Tudo bem... Eu te desculpo! — falou. 

Quê? Me desculpar? Mas eu não fiz nada! 

Balancei a cabeça negativamente e sorri sem ânimo enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. 

— Você acabou de piorar as coisas, não quero suas desculpas.. Eu não fiz nada, enfia elas no seu c.. — me interrompeu.

— Se não me traiu, me diz porque saiu de lá tão rápido e veio se encontrar com ele aqui? Ele fez sua cabeça, não foi?

— Eu saí de lá porque não ia suportar a ideia de te olhar e saber que você não confia em mim, ninguém faz minha cabeça Guilherme, eu tenho total controle sobre os meus atos. 

As vezes. 

Ele levou as duas mãos ao rosto e chorou, soluçou feito uma criança mimada. 

— Bianca... — fungou.

— Você já acabou com o resto da minha noite, licença! — bati a porta. 

Tranquei a mesma e me encostei, levei as duas mãos ao rosto e chorei enquanto ele gritava e xingava do lado de fora do meu apartamento. 

— Para... — gritei chorando. — Vai embora! 

Daniel rapidamente caminhou em minha direção e me puxou para um abraço. 

— Shh.. — acariciou meus cabelos. — Não chora! — sussurrou. 

— Eu amo esse idiota — funguei.

— Vem aqui.. — segurou minha mão. — Tenta se acalmar, você não pode se estressar! 

Daniel sentou no sofá e me puxou, coloquei a almofada em seu colo e deitei. Ele me deixou chorar a vontade enquanto acariciava meus cabelos, era tudo que eu queria, chorar em paz. 

Mel se aproximou do sofá e deitou a cabeça em minha barriga. 

— Tá tudo bem garota.. — alisei sua cabeça. — Tá tudo bem! — funguei. 

Ela me encarou com os olhos tristonhos e choramingou, a puxei para cima do sofá e deixei ela ficar deitada sobre minhas pernas, com a cabeça em minha barriga. 

Daniel ainda mexia em meus cabelos, em silêncio. 

[..]

Abri os olhos e me encolhi no sofá, sentindo o frio me abraçar. 

— Meu Deus.. — sussurrei. 

Sentei e peguei um bilhete do Daniel em cima da mesinha de centro, ele avisou que teve que ir, mas não quis me acordar. 

Caminhei até o hall e encarei a cidade, o vento agitado, o barulho dos carros e as ondas.

Fechei os olhos sentindo o choro se aproximar, o nariz ardendo. 

— Parece que o vento, traz notícias de você pra mim, parece que as noites se tornam mais frias longe de você, e a danada da saudade vem.. — cantarolei. 

Abracei os próprios braços na tentativa falha de me proteger do frio e respirei fundo. 

— Cuida desse idiota Deus — sussurrei. — Por favor, ele é tudo para mim.

Minha barriga mexeu. 

 — Calma meninos.. — alisei a barriga. — Mamãe já vai comer! 

Entrei e fechei as portas do hall, puxei as cortinas e caminhei em direção a cozinha. 

''Confie no tempo, tenha paciência, nunca se esqueça que Deus age na hora certa''  

 𝙾 𝙳𝙾𝙽𝙾 𝙳𝙾 𝙼𝙾𝚁𝚁𝙾Onde histórias criam vida. Descubra agora