Capítulo setenta e um

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Guilherme Dash

Acontece que eu penso diferente, acontece que o meu conceito de traição vai muito além de beijar na boca. Para mim a traição é quando você tem um parceiro e ainda assim se sente atraída(o) por outra(a), é quando permite que a intimidade seja demais. 

E eu nunca esperei ser traído por ela. 

Passei a mão pelo balcão fazendo tudo cair, incluindo o jarro com rosas azuis que dei a ela. 

— Porque você? — passei as mãos no rosto. 

Eu só queria de verdade entender o porque dela ter feito isso comigo. Sinceramente, houve motivos? Sei que não sou o noivo perfeito e tô longe de ser, sei que errei com ela algumas vezes, mas foi sempre na tentativa de acertar. 

Mesmo com meus pequenos deslizes eu cuidei, amei, mimei, dei carinho, fiz os gostos. Passei por cima de limites meus para tentar deixa-lá feliz, então me diga, houve motivos? 

Ouvi o portão da frente ser aberto e Lohany logo adentrou a sala ao lado de Lucca. 

— Neto? — chamou. — Ei, porque você tá chorando? — segurou meu braço. — Guilherme.. — segurou meu rosto. 

— Ela foi embora — apertei os olhos, fazendo as lágrimas descerem. 

— Porque? O que aconteceu? — Lucca me encarou. 

— Ela me traiu — falei entre os dentes. — Com aquele idiota do Daniel — gritei. — Ainda saiu com meus filhos sem me dizer onde foi. 

Débora logo adentrou minha casa pisando duro. 

— Ela não te traiu idiota — disparou. 

 — Como você sabe? Você por acaso estava lá? — a encarei. — Você viu o que eu vi? — caminhei em sua direção. 

Lucca me segurou. 

— O que você viu exatamente? — Lohany perguntou. 

— Eles estavam lá no momento mais íntimo do mundo, rostos colados — sorri sem ânimo. 

— Tinha boca na boca? — Débora semicerrou os olhos. 

— Foda-se, para mim a traição vai muito além disso — gritei. — Pare de defende-lá só porque é sua amiga, ela errou — apontei. — Ela me traiu a partir do momento em que começou a sentir atração por ele, a partir do momento em que permitiu tamanha intimidade entre os dois ao mesmo tempo que pegava no meu pé quando eu falava com alguma mulher. 

— Não é porque ela é minha amiga, e eu espero de verdade que ela vá o mais longe que conseguir — Débora falou. — Ela já te perdoou tantas vezes e você na primeira oportunidade faz isso com ela — veio em cima de mim. 

Lohany a segurou.

— Eu não fiz nada, ela quem fez — gritei nervoso. 

— Para a maioria das pessoas a traição é quando ocorre o beijo na boca, então você não pode acusa-lá sem ela ter feito isso — disse. — Idiota! — gritou. — Ela não traiu você.

 𝙾 𝙳𝙾𝙽𝙾 𝙳𝙾 𝙼𝙾𝚁𝚁𝙾Onde histórias criam vida. Descubra agora